terça-feira, 9 de agosto de 2011

Acreditar?


É possível que ao ler o tópico deste post você tenha sido automaticamente levado a pensar que o papo hoje era sobre religião, Deus, ou coisas relacionadas. Mas não se trata disso. Na verdade eu gostaria mesmo era de distrinchar um pouco do que se trata essa história de acreditar.
Acreditar é a capacidade de olhar para algo com afeição e achar que aquilo é certo e adequado. É quando você acha que aquilo pode ser bom, viável, correto. Há uma certa inclinação positiva subjetiva em que você tem uma inferência de certeza sobre algo. E nenhum de nós escapa da capacidade de acreditar em alguma coisa. A gente acredita que um determinado trabalho vai ser muito bom, ou não. A gente acha que seria um bom profissional numa área. Ou que seria feliz se morasse em um determinado local. Quando a gente acredita em algo, deposita uma boa expectativa naquilo. Uma coisa é certa: não tem como não acreditar. Mesmo que voce seja ateu, você tambem acredita. Voce acredita que Deus não existe, e assim sendo, irá colocar seus esforços em si, no acaso, na biologia, ou em qualquer outra instância.
Todo mundo conhece alguém que diz que acredita em uma coisa, mas nitidamente realizam outras, e a gente fica tentando entender em que ela realmente acredita a partir das suas ações. É frequente confundir que acreditar em algo é fazê-lo, realizá-lo. E que se algo não foi atingido é porque não acreditávamos suficientemente. Acho perigoso demais criar relações de causa e efeito para variáveis que não estão diretamente ligadas, e muito menos mensurá-las e intensificá-las. Pensar que acreditar em algo é realizá-lo é fruto do pensamento positivista, e é bom distinguir que acreditar é muito diferente de fazer. O primeiro está situado na instância do pensar, elaborar, avaliar, fantasiar, enfim, todos concentradas numa atividade que pode requerer apenas intenção. Fazer é passar para o plano da ação, que requer outras capacidades muito distintas do acreditar. Fazer requer pensar estrategicamente, manejo para lidar na prática, conviver com o imprevisível, e ainda as instâncias da determinação, perseverança, e tantas outras coisas. Então não necessariamente a gente realiza o que acredita, e nem acredita no que realiza, pois também fazemos muitas coisas num modo meio automático. As ações podem ser muito diferente das intenções e do que as pessoas acreditam, e ao invés de dizermos que a pessoa fala uma coisa e faz outra, podemos simplesmente dizer que a pessoa tem sérias dificuldades ou de fazer o que acredita ou de acreditar no que faz. Eu penso que acreditar é uma escolha de investimento de si em algo, o que deveria implicar em exclusividade e em conformidade com outras questões em que você acredita. Quando a gente acredita em algo, criamos a nossa percepção investida em algo, elaborando uma realidade interior, o que deveria limitá-la.
Outra coisa que seria interessante dismistificar é que acreditar não significa comprovar. Você pode até justificar que acredita que o homem veio do macaco em virtude das comprovações científicas, mas, a não ser que tenha sido você o pesquisador que descobriu isso, sinto informar-lhe que os estudos além de serem inúmeros e você provavelmente não ter investigado todos, vale lembrar do mais importante: você não foi o autor da pesquisa, ou seja, você ainda continua na instância de acreditar na comprovação científica de um outro alguém.
O fato é que a gente acredita sempre em alguma coisa, em alguma instância, que vai se infiltrando em tudo na nossa vida: trabalho, amigos, família, relacionamentos. Toda crença tem o seu caráter individual, mas também tem uma influência do social ao mesmo tempo que o retroalimenta, o que quer dizer que a gente não acredita em algo por acaso.
O mundo de hoje vive uma pluralidade das possibilidades do acreditar! Tudo é possível e deve ser respeitado sob a pena de ser processado! Os princípios da sociedade mudam, a lei aprovada ontem pode já ter sido revogada hoje, as avenidas mudam de sentido da noite pro dia. O mundo de hoje é um mundo onde tudo depende do seu ponto de vista, não havendo apenas dois lados da moeda, mas multifacetas mutáveis da opinião. Isso acaba com a idéia de parâmetros, valores, princípios, suportes, ou todo tipo de conceito que tente perdurar. Criamos paradoxos pras nossas vidas em virtude de tantas possibilidades do acreditar. Tem horas que nos perguntamos se estamos mesmo fazendo a coisa do jeito que acreditamos, se era assim mesmo, ficamos nos sentindo um pouco inseguros, indecisos, ou até boiando.
Nessas horas, é bom investigar em que estamos acreditando, em que estamos depositando expectativas, e no que isso tem repercutido nas nossas vidas.
Por fim, acho que devemos tomar cuidado para que essa instancia do que acreditamos possa dar conta de tudo, pois o que não dá conta de tudo promove incoerências e paradoxos, uma verdadeira salada mista pessoal!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estátua? Eu?

Quando eu era criança adorava brincar de estátua! Lembram dessa brincadeira? A gente coloca uma música, dança, fica de olho no encarregado do som para saber quando ele vai parar a música para que a gente possa fazer uma pose confortável para ficar paradinha, o mais ESTÁTUA possível! Só que o Dj pega a gente de surpresa e a gente fica naquelas posições desconfortáveis e acaba se mexendo sem querer, para tentar se acomodar! Não sei vocês, mas quando eu me pegava parada numa pôse desconfortável, eu tentava me mexer devagarzinho sem que ninguém visse para me acomodar! Mas eu sempre era pega! Ahahaha, e quem não era? Nesse jogo vencia quem ficasse parada por mais tempo!
Bom, o assunto aqui do post de hoje é bem parecido mas só que neste caso, quem ficar “Estátua” por mais tempo, perde o jogo. E o jogo, não é de brincadeira, embora muitos pareçam estar encarando assim.
Quero me referir aqui ao jogo de Estátua da vida. Quantos de nós não já escutamos amigos, colegas, familiares, professores, sem falar nos namorados e namoradas. Todos dizendo em coro: “Eu sou assim! Se quiser que me aguente!” É uma fala simples, corriqueira e que muita gente se aproveita dela para encerrar uma discussão, ou colocar uma pessoa numa saia justa. Proponho pensar aqui sobre esta frase e nas implicações dela.
Primeiro de tudo, a pessoa que diz isso frequentemente está dizendo que é assim, sempre foi e que não mudará. É tipicamente a pessoa que não quer olhar para um incômodo que está sendo causado numa relação e sai com uma frase dessas tentando justificar aquilo que não precisa de justificativas, mas sim de atitudes. O que essa pessoa realmente quer dizer com esta frase é que ela é assim e que ela não quer mudar, isso sim! Ela até pode reconhecer o incômodo que está sendo causado, mas ela está dizendo claramente que não quer fazer nada a respeito dele.
Sabe por quê eu me admiro muito com as pessoas que dizem isso? Porque nós somos criadores de um mundo onde os produtos se renovam com o cair da noite, e quem não acompanha vai à falência! Não dá pra imaginar uma empresa ter parado na era do celular tijolão querendo que o consumidor aceite e se agrade de um produto que foi ultrapassado à anos luz. Como será que a gente tem tamanha capacidade para criar e inovar em produtos enquanto que a gente resiste em mumificar a nossa personalidade, o nosso comportamento, os nossos princípios?
Então, se você é assim, sugiro que você vá viver num museu e deixe de martirizar os outros com seus tantos paradoxos. É melhor assumir que tem dificuldades para mudar e procurar ajuda. É mais íntegro pedir ajuda ao colega, ao cônjuge dizendo que você não é perfeito e que não sabe o que fazer. Se você não fizer isso, o encarregado da música da vida irá dar um jeito de fazer você se mexer por ter ficado numa posição estática incômoda, desconfortável, inadaptada e talvez até patológica.
E no jogo da vida, vence quem consegue se adaptar às situações diversas, às pessoas múltiplas, às dificuldades extremas e às exigências inesperadas. A gente precisa se mexer e se adaptar conforme a música continua a tocar!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Perdida?

Amigos, essa pequena experiência foi escrita cerca de 4 anos atrás quando eu passei uma temporada em Paris. Espero que gostem!

            Mudar-se para uma nova cidade é um grande desafio. Principalmente quando não se fala a língua do país e nem se conhece bem o local.
            No meu caso, morar em Paris foi uma descoberta a cada dia. Ver anúncios no começo da semana e não conseguir entendê-los, mas no fim da semana eles ganham total sentido graças às aulas de francês.
            Os lugares que conheci, praças, jardins, museus, passaram a ganhar vida e importância a partir do momento em que os visitava. É certamente uma cidade que sangra cultura por todos os poros.
            Mapas, mapas e mais mapas. Para achar todos esses lugares os mapas são indispensáveis, mapas do metrô, das linhas de ônibus, de ruas, e lá estava o tal monumento. Opa! Mais um mapa: o mapa do local, de como ele está dividido. Eles prometem nos ajudar a se situar, mas até mesmo o melhor dos mapas não consegue ser fiel na representação daquilo a que se propõe. A cidade, as avenidas e as ruas mudam com uma rapidez maior do que a sua representação consegue exibir. E com tantos lugares desconhecidos e mapas a decifrar, o mais provável de acontecer é a gente se perder. Foi aí que começou a minha jornada.
            Sai de casa 15 minutos antes de a aula iniciar, como de costume, direcionei-me para a parada do ônibus. Lá, o visor (painel eletrônico) indicava que havia uma manifestação (Paris e suas manifestações de ônibus!) e que a linha 91 não funcionava normalmente. Verifiquei o visor (painel) da outra parada, que seguiria no sentido oposto, mas que faria o mesmo percurso. Lá, indicava-se que o ônibus estava sendo conduzido normalmente.             Resolvi, então, pegar essa linha, que embora demorasse um pouco mais para chegar ao meu destino, levar-me-ia mais rápido do que se eu pegasse o metrô.
            O tempo de atraso imaginado se transformou em 50 minutos de passeio de ônibus pela cidade de Paris. Isso mesmo! O ônibus começou a rodar pela cidade e a parar em diversos locais que não eram os indicados na rota. Os avisos auditivos e visuais do ônibus estavam desligados e a parada seguinte era sempre uma surpresa.
            Depois de entrar em pânico e pensar que estava perdida, cheguei à conclusão de que eu deveria simplesmente olhar a cidade e não mais me importar com o destino. Afinal de contas, eu estava ali, segura, passeando dentro de um ônibus quentinho e aconchegante e poderia descer a qualquer minuto e pegar um táxi. Você, como eu, deve estar pensando nesse exato momento o porquê de eu não ter feito exatamente isso logo no começo do tal “passeio”.  Mas lá estava eu. Rodando a cidade. Passando por pontes sobre o rio Sena e contornando diversas praças. Reconhecendo monumentos que eu já havia visitado e passando a identificar outros que eu só havia ouvido falar. Quão gostoso estava sendo aquele passeio depois que resolvi apreciá-lo.
            Em algum momento percebi que não estava perdida. Apenas não estava no lugar que planejei estar e nem completamente familiarizada com ele. Não! Definitivamente eu não estava perdida! Mas também não estava totalmente situada.
            E pensei que na vida é assim também. Por vezes nos sentimos perdidos. Como se não reconhecessemos ninguém e nada. Talvez não reconheçamos nem a nós mesmos. Mas isso não significa que estejamos perdidos. Nesse momento reconhecemos a força e a coragem que existe em nós, ou passamos a conhecer a ousadia que havíamos apenas ouvido falar. É justamente descobrindo os caminhos desconhecidos da alma que reconhecemos os muitos atributos que temos. Se ao menos conseguirmos apreciar a viagem desproposital que fazemos quando pensamos estar perdidos, conheceremos esferas antes apenas distantes de nós mesmos. Se não andarmos pelos caminhos desconhecidos, jamais saberemos o que existe para ser descoberto.
            Olhei para o outro lado e os restaurantes pareciam familiares. As ruas, os sinais, as lojas. Tudo era conhecido. Havia chegado ao meu destino.
Nessa hora percebi que quando a gente pensa que se perdeu é que estamos realmente próximo de nos achar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Santo de Casa não opera milagre!

Olá Pessoal!
Estive um pouco ausente, pois estava viajando de férias, e ficava um pouco complicado parar para escrever.
Mas o assunto do post de hoje é como Eureka.... a gente vê as coisas em algum canto e o nosso cérebro fica trabalhando e trabalhando sem que a gente saiba ou queira. Um dia a gente se dá conta de uma experiência aqui, e outra aculá, e tem umas sacadas e aprendizados legais.
Portanto, queria compartilhar com vocês a minha “sacada”.
Ao viajar por aí eu sempre fico curiosa de entrar em farmácias, supermercados, lugares que o turista normalmente não dá importância. E como não poderia deixar de ser, ao passear por Paris, mais uma vez eu me deparei dentro de uma farmácia (por indicação da minha querida prima Angélica).
A Farmácia, além de ser um lugar sensacional para encontrar cosméticos maravilhosos, estava simplesmente com uma estante carregada, repito, LOTADA, de produtos de alisamento de cabelos que indicavam que o alisamento era BRASILEIRO! Hahaha! Eu tive que rir! Fiquei me perguntando se era piada eles colocarem na capa daquelas caixinhas de produtos de cabelos uma foto de uma mulher tipicamente brasileira, de biquini e com cabelos maravilhosamente lisos!
Ai me lembrei que aqui no Brasil, é muito raro dizermos que o nosso alisamento é brasileiro. Na verdade, nunca vi em canto nenhum. O tal alisamento parece que é originário da Turquia, migrou pra China, e se espalhou para o mundo pelo Japão. Hoje vemos uma diversidade que independe da nacionalidade para atrair: o Marroquinho, o Francês (dito Progressivo), o de Chocolate, de Morango, e por aí vai.
Eu não sou expert em alisamentos, e muito menos em cabelos. Uma pesquisa rápida no google nos ajuda a saber de onde os alisamentos vieram mesmo. E o assunto que eu quero abordar aqui é o aspecto psicológico da coisa: por que a gente procura outra nacionalidade para atrair o nosso consumidor? Ou melhor, por que a gente acha que produtos de outras nacionalidades são sempre melhor que os nossos? Por que a gente não dá valor às coisas da nossa terra?
Bom, agora vocês devem ter entendido o motivo do tópico desse Post. Sim, há muitos anos que a gente sabe que “Santo de casa não opera milagre”. Mas a gente não só não acredita no “Santo” como também o esculhamba.
Quero me referir aqui à um assunto que tem me incomodado bastante. Já não é de hoje que a gente escuta que faculdade particular é “pagou passou”. E assim, a gente vai dizendo que o curso é “pagou passou”. O Mestrado é “pagou passou”. O Mestrado daqui é mais ou menos, mas o da Mackenzie, é sensacional! Ouvi diversos comentários desses comparando o Mestrado e o Doutorado da Universidade de Fortaleza com o de outras instituições em outros estados e países, e tenho por obrigação que informar aos meus colegas que eles estão bastante enganados!
Quem de vocês já investigou a forma de seleção do Mestrado e do Doutorado? E quantos conhecem os currículos dos alunos que ingressam nessa Pós-Graudação? Se forem curiosos como eu, vão se surpreender com o que encontrarem! A Galera que entra tem um currículo recheado de artigos científicos e publicações em capítulos de livros como eu nunca vi igual! Publicação semelhante ou até superior aos de fora do país. Sem falar na cartela de Pós-Doutores que estão no quadro. A gente valoriza os de fora enquanto que a Sorbonne, a Harvard, a Yale e a MIT convidam os nossos professores da Unifor a serem professores convidados de suas instituições. A gente tem o melhor no “quintal” da nossa casa, mas insiste em querer sair e valorizar outros.  
Bom, colegas, só gostaria de acrescentar que vocês repensem quando forem emitir uma opinião que muitas vezes não se baseia em vocês, nem na experiência de vocês e nem no conhecimento de causa. Talvez sua opinião seja uma mera idéia fixa usada para justificar algo que você não tem coragem para revelar o real motivo. Rogers já dizia que toda percepção é uma realidade, mas é bom alerta-lhes que isso não signfica que toda percepção ou realidade seja verdade! Portanto, pese bem as palavras e as opiniões, pois a tecnologia está bem aí pra gente dismistificar as falsas nacionalidades dos alisamentos!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dores.. dores... muitas dores...


Vou compartilhar com vocês uma história que vivi recentemente e que inspirou a ideia central deste post. 

     Minha mãe levou uma queda, quebrou a clavícula, precisou ser operada e, até aí, tudo correu bem. Mas o quadro clínico que deveria se estabilizar em poucos dias não parecia estar normal, pois seu braço inchava, avermelhava-se e nada fazia o inchaço parar.
    Quando levada no médico, ele logo suspeitou e confirmou: ela havia sofrido uma trombose no braço! E foi aí que toda a minha inspiração para este post começou, mesmo que eu ainda não soubesse.
     A recomendação do médico foi a de descanso, de ficar a mais imóvel possível, e muita, muita ingeção e remédio para desfazer o trombo. O acompanhamento do médico era rigoroso: exames de sangue em dias intercalados, monitoramento dos comportamentos e dos resultados. Tudo isso para controlar a seriedade do que poderia se suceder.
    A minha mãe, como uma boa hiperativa, não conseguia ficar paradinha e seguindo as recomendações médicas. Eu e minha família nos revezávamos quase como vigias para não permitir que ela fizesse qualquer movimento. Mas não tinha jeito: se a gente saísse nem que fosse para ir no banheiro, ela aprontava alguma. Quando nos dávamos conta, ela já estava apanhando algo no chão, ou até mesmo lavando a louça! Dá para imaginar uma pessoa que acabou de sofrer uma trombose na pia lavando louça?
     Depois de a gente pedir, insistir, brigar, dedurar ela pro médico, chegamos até a ameaça-la numa tentativa desesperadora para que ela seguisse a orientação do médico. Depois de tantas tentativas frustradas, eu resolvi conversar sério com ela.
     Não, minha mãe não é aquelas mulheres de filme que tem grandes experiências transformadas em sábios conselhos. Ela é uma mulher extremamente espontânea e de tão ingénua me disse que apesar de tudo que os médicos diagnosticaram, ela não sentia uma dor na unha! Para ela, já que não havia dor, não havia mal ou doença! E quanto mais seu braço desinchava, mais ela afirmava categoricamente que o trombo havia se desfeito! Eu já estava perdendo as estribeiras, mas, para não entrarmos em  mais discórdias, resolvi usar uma estratégia pedagógica: coloquei ela de frente para o Dr. Google Acadêmico para que descobrisse por si o que estava acontecendo com ela, mesmo que ela não estivesse sentindo dor. Depois da tal “consulta”, ela pareceu mais consciente de tudo, mas continuou, e continua dizendo a mesma coisa: não está sentindo uma dor sequer.
     Agora, depois de 3 semanas do ocorrido e com a situação estabilizada (ainda não está curada!), me pego pensando sobre a frase dela: Se eu não sinto dor, como pode algo estar errado comigo?
     Daí cheguei a algumas conclusões a respeito das nossas dores, físicas ou psicológicas:

Primeiro, não é porque a gente não sente dor que significa que a gente está bem e saudável. Quem disse que a gente vai sentir as nossas dores nos deteriorando por dentro ou interrompendo o nosso funcionamento normal?

Em seguida, conclui que embora a dor não seja “sentida”, ela é “manifesta”, ou seja, o inchaço indicava que algo não estava bem. As dores vêm em forma de sintomas de forma tal, que nós não as reconhecemos como elas são e não com a seriedade do que elas ocasionam.
A terceira lição que tirei de tudo isso é que a gente não sabe responder nada sobre as nossas dores, as conhecidas e as desconhecidas, as sentidas e as não-sentidas, as manifestas e as não-manifestas. Quem entende de olho é oftalmologista, de garganta é otorrino, e assim por diante. Por que a gente insiste em achar que a gente é quem sabe o que está se passando? Já ouviu falar de pessoas que achavam que estavam gripadas e na verdade se tratava de uma pneumonia? Pensam que estão com dor nas pernas quando tem um desgaste do osso. E tantas outras queixas mal elaboradas e muito mal diagnosticadas por nós mesmo. Tudo isso porque a gente tem a mania de achar que podemos nos diagnosticar! Somos meio metidos a médicos, psicólogos, juízes, padres, pastores, e achamos que conhecemos o melhor para a gente. Resultado: a dor só aumenta, o sintoma se agrava e a verdadeira doença não é tratada.
Em quarto lugar, a gente não só acha que entende das nossas dores como nos sentimos no direito de diagnosticar e recomendar tratamento para os outros. Eu mesma, quando mais nova, sentia muitas cólicas e dores na barriga e minha família me mandava tomar um leitinho quente para passar. Diziam que aquela dor era psicológica. E haja leite quente por dois anos. Resultado? Eu tinha intolerância a lactose e estava só piorando com essa “medicação”. Ou  seja, quando a gente precisa, a gente confia mais na sugestão do vizinho e da apresentadora de televisão do que na de um profissional.

     Aprendi muito com essa fase da minha mãe, e só para deixar a ideia deste post ainda mais clara: quem cuida de dor de dente é dentista, quem cuida de dor nas costas é ortopedista, quem cuida de dor de cabeça é oftalmologista ou neurologista. E quem cuida de dor no CORAÇÃO, na VIDA e nas RELAÇÕES é PSICÓLOGO!
     
     Pare de achar que você se basta e que os outros não podem lhe ajudar! Com certeza você também tem dores silenciosas, assintomáticas e sem resposta. Se você conhece sua dor tão bem assim, porque você ainda não conseguiu se livrar dela? Cuidado com as tromboses psicológicas que impedem o seu desenvolvimento e a sua sobrevivência! Já dizia o ditado: é melhor prevenir do que remediar! Se minha mãe não tivesse ido ao médico logo, não tinha compressa de gelo que desse jeito naquele inchaço! 

     As sequelas do não remediar são bem mais difíceis de serem tratadas, algumas vezes até irreversíveis! 

Você não vai querer que isso aconteça com você, não é?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

VAMOS SER IRRESPONSÁVEIS???

Você deve estar achando esquisito ler um post com esse convite, mas calma, vou lhe explicar direitinho o meu ponto de vista.
A verdade é que todo mundo, até mesmo a pessoa mais responsável e prestativa do mundo experimenta horas que gostaria de ser um pouco irresponsável e jogar tudo pro alto. Vai dizer que você nunca sentiu isso? E de fato, muitas pessoas fazem exatamente isso!
Mas o meu convite é para que possamos ser um pouquinho irresponsáveis em situações que a responsabilidade é sinônimo de neuroticismo, e não de compromisso. Isso mesmo! A gente se cobra tanto, com tanta coisa, que acabamos achando que TUDO é responsabilidade, e no fim das contas, dizemos ter responsabilidades demais!
Só que eu particularmente acho que temos transformado determinadas situações em responsabilidades, quando elas na verdade não passam de atividades que nós gostaríamos de fazê-las, mas que ao a adiarmos para amanhã, não haverá tantos prejuízos.
Meu convite é pra sermos um pouquito irresponsáveis nessas horas. Quem disse que a gente não pode faltar uma aula aqui e acolá e ir fazer as unhas ao invés? E quem te proibe de comer um chocolatinho no meio da dieta de vez em quando? E por que não sair pra farrear no meio da semana com os amigos esporadicamente? Faltar uma prova, qual o problema que há nisso?
Olhe bem! O convite à essas irresponsabilidades é esporádica, e não diária! Não junte todas essas sugestões na mesma semana! E preste bastante atenção às consequências dessas pequeninitas “irresponsabilidades”. Examine-as a fundo. Se você for o único afetado, siga em frente consciente de que vai ter que malhar um pouco mais amanhã, ou de que estará com bastante sono depois daquela farra. Contudo, evite-as com todo gosto, caso outras pessoas sejam diretamente afetados pela sua decisão. O seu colega de classe não vai gostar nada quando notar que você faltou a prova que deveria ser feita em dupla. O nome disso é egoísmo! Pensar no outro é uma questão de respeito!
Eu adoro ser um pouquinho irresponsável de vez em quando, me dá a sensação de liberdade, de satisfação, de desejo concedido, mas sempre com os pés no chão, avaliando as possibilidades, as consequências, os resultados. Deve ser muito chato não se permitir fazer isso!

E você, consegue ser um pouquinho irresponsável?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

E o que é Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica afinal?!


Bom, achei proveitoso esclarecer para os meus amigos de que se trata Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica que eu tenho tanto falado e divulgado aqui. Não apenas por eu estar neste exato momento em Bento Gonçalves participando do V Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, mas por perceber a incrível abertura e demanda que esta área tem ganho nos últimos anos, que é do que se trata a Resolução 009/2011 do CFP.

Trata-se de uma prática exclusiva do psicólogo que pretende investigar uma queixa para entender a dinâmica da manifestação desse fenômeno e para assim poder responder e tomar medidas cabíveis. Assim sendo, pode-se perceber essa prática inserida em diversos contextos, como o da Avaliação Psicológica na área da Educação, quando as dificuldades de aprendizagem ultrapassam as diversas tentativas de ensino, a Avaliação Psicológica na Saúde, como a realizada para pacientes de cirurgia bariátrica, a Avaliação Psicológica no contexto Organizacional, para conhecer bem as potencialidades do sujeito e encaixá-lo no posto mais adequado, a Avaliação Psicológica Pericial, quando o juiz solicita o entendimento das questões psicológicas para ajudá-lo a decidir em questões, a Avaliação Neuropsicológica, que investiga lesões que possam ter causado dano psíquico, dentre tantas outras.
Para que vocês tenham idéia, já existe há mais de 20 anos a Avaliação Psicológica Intercultural, para avaliar o candidato para viagem de Intercâmbio.
Todas essas avaliações psicológicas focam-se em no máximo 10 atendimentos que se sucedem através de diversas técnicas para permitir conhecer o sintoma na sua magnitude.

Portanto, gostaria também de expor nesse post, acerca da nova Resolução do Conselho Federal de Psicologia. É a Resolução 009/2011, acerca da Avaliação Psicológica no contexto do Trânsito. Você deve se lembrar do tal "teste psicotécnico", não é? Pois bem, há alguns anos, as técnicas e os testes psicológicos eram muito mal empregados, o que acabou estigmatizando as nossas ferramentas. Portanto, nada mais proveitoso do que essa resolução que discorre sobre a Avaliação e a importância do uso dos Testes Psicológicos.

E a diferença entre Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica? Bem, vários autores tem diferentes opiniões sobre o assunto, mas o consenso parece ser o de que todas as vezes que se utilizam testes psicológicos (é possível não utilizá-los e fazer uma avaliação satisfatória) nesse tipo de Avaliação, ele passa a ser chamado de Psicodiagnóstico.

Agora que você sabe o que é Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico, me responde: É impossível não conhecer alguém que tenha passado ou precise passar por esse atendimento, não é?

A resolução está abaixo caso se interessem em ler:

Resolução CFP nº 009/2011

Altera a Resolução CFP nº 007/2009, publicada no DOU, Seção 1, do dia 31 de julho de 2009
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971 e;
CONSIDERANDO a Resolução CFP nº 07/09, que institui normas e procedimentos para a avaliação psicológica no contexto do Trânsito;
CONSIDERANDO o compromisso do Sistema Conselhos em qualificar a área de avaliação psicológica no contexto do Trânsito;
CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão realizada no dia 06 de maio de 2011,
RESOLVE:
Art. 1º – Alterar o texto do Anexo II da Resolução CFP nº 07/2009, publicada no DOU, Seção 1, do dia 31 de julho de 2009, o qual passa a ter a seguinte redação:
"Anexo II da Resolução CFP nº 007/2009
A avaliação psicológica no trânsito, assim como em qualquer outro contexto de atuação do psicólogo, deve ter suas conclusões pautadas em um processo de investigação com base científica reconhecida. O uso de testes psicológicos nesse processo requer que os mesmos tenham evidências de validade para tal propósito, assim como os demais métodos usados nessa avaliação.
Especificamente, para o contexto do trânsito, os estudos considerados mais importantes no que se refere à base científica do instrumento são os de validade de critério que procuram demonstrar que determinado construto (atenção, por exemplo) está associado a algum evento importante do contexto social que se pretenda prevenir (acidentes causados por imprudência) e/ou reforçar (direção segura e respeito às leis). Tais eventos se transformam em variáveis externas (critérios) a serem investigados em termos de quanto conseguem ser previstos a partir dos resultados dos testes que mensuram tais construtos. Esses estudos geralmente comparam o desempenho nos testes de grupos de pessoas com acidentes causados por imprudência, por exemplo, com grupos gerais. Se forem encontradas diferenças significativas em um determinado teste concluiu-se que aquele construto/teste tem alguma informação útil e relevante àquele contexto.
Para a interpretação dos resultados dos testes aplicados no contexto do trânsito, recomenda-se que sejam utilizadas as normas específicas e/ou gerais dos instrumentos, e que sejam seguidas as orientações previstas nos respectivos manuais para a análise dos dados encontrados. O psicólogo deve colocar em prática os preceitos da avaliação psicológica, quais sejam, os dados advindos dos testes psicológicos devem ser reunidos às informações fornecidas por outros recursos avaliativos, com o objetivo de que sua compreensão final inclua as informações contextuais.
Além disto, sugere-se que sejam realizados continuamente estudos nacionais tendo como base os dados já coletados com os instrumentos adotados e com indicadores relevantes para esse contexto, e que sejam levantados os estudos internacionais que indiquem a relação teórica e empírica entre os resultados de testes semelhantes aos disponíveis no Brasil para uso no trânsito, apoiando sua validade de critério".
Art. 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília - DF, 09 de maio de 2011.
HUMBERTO VERONA
Conselheiro Presidente


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alternativas para a Obesidade: Dieta ou Cirurgia?

Gostaria de compartilhar com vocês a história de uma grande amiga que estava passando por um problema de saúde: o sobrepeso. Este problema tem acometido muitos, e as alternativas para “se curar” também são das mais variadas, como, dietas, remédios, massagens, regimes da sopa, até o método mais extremo: a cirurgia bariátrica. Aqui no Brasi,l ela tem se popularizado com uma rapidez tamanha, e é possível ver pessoas que não se encontram nas indicações para a cirurgia tendo-a como a opção mais viável. Não sou contra a cirurgia, porém concordo com a Medicina quando diz que ela deve ser restrita, sendo indicada para casos de pessoas com obesidade mórbida, o que implica em outros danos à saúde além do acúmulo de peso, como: hipertensão arterial, diabete, apnéia do sono, artropatia, dentre outras.
Contudo, o que se observa é uma gama enorme de pessoas optando pela cirurgia como se ela fosse um procedimento estético. É lamentável que equipes médicas se submetam ao desejo do paciente em detrimento da ética. Lamento ainda mais as “perdas” associadas ao procedimento cirúrgico, pois são poucos os casos de pós-operatórios que não aderem a outros problemas de saúde.
Fazer dieta e perder peso não é fácil, e quase todo mundo não só sabe disso, mas já experimentou essa sensação. Para os mais novos, a coisa parece ser mais fácil, mas precisa-se do menor dos esforços, mesmo para eles. Contudo, uma dieta bem elaborada e bem seguida associada a exercícios físicos desenvolve características na personalidade que vão exercer papel importantíssimo para além da luta contra o peso. Isso é muito pouco observável em pessoas que passaram pelo procedimento cirúrgico. Portanto, seria interessante ler o exemplo e o comprometimento dessa colega:
“Eu sempre fui vista por todos como uma ‘Menina Grande’. Hoje, aos 25, eu meço 1,80. Quando estava crescendo, eu sempre era a maior da turma, tanto em altura como em peso. Na verdade, eu achava que eu nunca pararia de crescer e sentia como se houvesse um adesivo permanente na minha testa dizendo: ‘Menina Grande’. Mesmo no Ensino Médio, eu justificava o que eu queria comer e a quantidade por eu ser uma garota grande, e assim sendo, é isso que garotas grandes fazem.
Quando eu terminei o colégio em 2003, eu vestia tamanho 48 e tinha muito orgulho, já que eu era uma garota de 1,80, sendo permitido ser gordinha por causa disso.
Aqui nos EUA, o primeiro ano da faculdade é conhecido como ‘calouro 7’, fazendo referência aos 7 quilos que você engorda no primeiro ano da faculdade devido ao estresse e à comida do dormitório. Contudo, eu levei a sério essa frase boba e engordei, não 7, mas 10 quilos. E no ano seguinte, mais 10, no seguinte, outros 10, e no posterior 10 também. Quando eu voltei para a minha cidade natal depois de ter me graduado e começado o meu primeiro trabalho na área, eu vestia 56. Eu tive muita dificuldade para encontrar roupas para a minha entrevista na Sociedade Americana de Cancer, onde eu trabalho atualmente. E ainda pro meu desgosto, nos dois anos seguintes, eu continuei a ganhar peso.
O ápice do meu peso foi em Setembro de 2009, quando minha chefe me deu uma foto da nossa equipe do Apoie a Vida. Eu percebi o quanto meu rosto era gordinho. Nas fotos de grupo, eu sempre me escondo por trás do outros para não mostrar a minha forma redonda, mas dessa vez alguém, de alguma forma, me empurrou para a frente do grupo pois eu sou a líder. E Meu Deus!!!!
Quando a minha chefe me deu aquela foto eu me senti MUITO envergonhada da minha aparência; e ainda com medo que alguém pudesse me julgar por aparentar tão ruim. Então eu cheguei á conclusão que essa era minha aparência o tempo todo. Todo mundo me via daquela forma o tempo todo, mas eu me recusava a me olhar no espelho, então eu não podia fazer idéia disso. Então eu decidi que bastava! Minha chefe me deu aquela foto e em menos de uma semana, no dia 17 de setembro de 2009 eu me inscrevi no Vigilantes do Peso.
Eu gostaria de ter coragem de compatilhar com vocês o meu peso inicial, mas ainda não tenho. Talvez um dia, quando eu alcançar a minha meta, eu compartilhe. Eu não estava preparada psicologicamente para o que significava começar uma dieta, mas eu sabia que se eu não fizesse nada para mudar meu estilo de vida, eu estaria correndo sérios riscos.
Eu me impulsionei para realmente aderir ao programa e seguir as regras ao invés de criar desculpas preguiçosas. Eu tentei escutar uma voz fraquinha no meu coração me encourajando a ser ativa e a comer corretamente. Eu chamei essa voz fraquinha de ‘Minha Olivia Palito Interior’. Para mim, é fácil fazer piadas, dizer que ‘Minha Magali Exterior’ comeu a ‘Minha Olivia Palito Interior’, mas a verdade é que eu queria me amar o suficiente  para ser saudável – e isso significava que eu precisava que a ‘Minha Olivia Palito Interior’ dominasse. Eu me deixei sair dessa auto-depreciação, de menina grande e preguiçosa para a bela ruiva com missão de vida saudável.
Eu fiz exercícios de aeróbica na água, e depois zumba, em seguida, investi em um grupo de treino. Eu fiz elíptico por 10 minutos e não morri. Eu me deixei celebrar pelas pequenas vitórias que eu sabia que me ajudariam passo a passo para a saúde, ao invés de me julgar por não ter perdido as calorias que eu gostaria de ter perdido.
No dia 17 de Maio de 2011 eu perdi oficialmente 40 quilos desde que me associei ao Vigilantes do Peso. Eu iniciei uma nova função na Sociedade Americana do Cancer em outubro e não me dediquei como eu deveria no meu programa de perda de peso, mas quando esta estação aperreada terminar ao final do mês, eu me comprometo com TODOS vocês leitores de retornar ao programa com 100% de dedicação.
Meu conselho para qualquer pessoa lendo minha história e que gostaria de um conselho, eu diria: ame-se. Quer você seja gorda, magra, alta, baixa: respeite-se. Nós somos nossos maiores críticos e para mim, basta! Eu costumava brincar com meu peso, com minha preguiça e com minha incapacidade de dizer não para a pizza do DeLuca´s. Eu era a minha pior crítica e frescava sobre mim mesma o tempo todo. É claro que é bom ter um senso de humor em algumas situações, mas não se deve ter vergonha de se amar o suficiente para batalhar por si mesma!”
Espero que este exemplo tenha inspirado vocês a pensar nos ganhos primários, secundários, terciários, enfim, múltiplos de uma perda de peso não-invasiva. Uma cirurgia bariátrica é uma alternativa que pode despotencialiar o sujeito ainda mais, mesmo que ele se sinta maravilhoso. A força motriz dessa mudança não foi ele, mas sim o médico, e  a única coisa que ele precisa fazer é aderir forçosamente ao programa de reestruturação da alimentação. É óbvio que isso passa pelas instâncias da personalidade, sendo por isso que tantos transtornos de impulsos (compulsão por compras, bebidas, jogos) são desenvolvidos posterior a esse programa de emagrecimento.
Reflita sobre isso: O caminho mais rápido para alcançar saúde nem sempre é o mais saudável!!!

P.S.: Neste blog, já falamos sobre esse o problema da fome como sendo de ordem psicológica. Acesse o post: Fome física x Fome emocional.

domingo, 15 de maio de 2011

Autismo: Pesquisa contra o Preconceito!

O transtorno spectrum de autismo, como está sendo denominado no DSM V, mas que ainda é vulgarmente chamado apenas de autismo, corresponde a um sujeito comprometido em três grandes áreas, são elas: prejuízo qualitativo na interação social, prejuízo qualitativo na comunicação, e presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. A palavra autismo refere-se à uma orientação para si mesmo
            Essa interação social mostra a dificuldade de interagir com o outro, como nos simples comportamentos de iniciar conversas sociais, de responder às demandas sociais, de gestos e de uso da linguagem nesse contexto. No caso do prejuízo na comunicação, é importante ressaltar que o aparato fonológico permanece intacto, sendo que a intenção comunicativa não se manifesta, como se faltasse motivação para buscar e dirigir a atenção do outro para si. O olhar da criança não é direcionado para o social, e de tão inexistente, pensava-se que ele não existia, mas as pesquisas mostram que o olhar existe, mas por ser tão breve, passa desapercebido. É um olhar que desconhece a sua função, e se distingue de crianças com transtornos de linguagem, pois elas utilizam outras formas de comunicação, como palavras e posturas corporais, no caso das mudas ou surdas ou nos casos de transtornos de linguagem.  Esse ajuste postural não acontece no autismo.  Por último, a presença de comportamentos repetitivos e estereotipados é quando a criança fica o tempo todo movimentando um objeto da mesma forma, sem motivo e sem utilizá-lo com a função dele. A criança pega a bola, mas não para chutá-la, e sim para subir em cima dela, por exemplo. É bastante intrigante ver que a criança se desliga de componentes muito mais interessantes para ficar engajada num comportamento de olhar incessantemente em um só objeto, e ela ficará tensa se algo acontecer ao objeto.
            Ao ler a breve descrição dos aspectos prejudicados no sujeito portador do transtorno de spectrum de autismo, vocês devem ter lembrado e visualizado alguém com esse perfil. Você deve estar lembrando também daqueles perfis de autistas savantes, mas que só figuram como 10% dos casos, onde todos os outros apresentam uma deficiência mental. Porém, não pretendo apenas esclarecer como uma pessoa com autismo é neste post, mas também relevar que ainda hoje agimos preconceituosamente com essas pessoas.
            Fico muito indignada quando vejo programas de televisão utilizar-se desse perfil para promover o humor da audiência, como aconteceu no programa da MTV que fez um trocadilho sem graça com “casa dos artistas” e “casa dos autistas”. Isso mostra o quão retrógrados ainda somos, mesmo que desde a década de 80 o autismo tenha passado a configurar nos manuais de psiquiatria como um dos transtornos globais do desenvolvimento. Já fazem 31 anos que isso aconteceu, mas a televisão brasileira insiste em ser velha e preconceituosa, estigmatizando o sujeito.
            Isso tudo porquê a gente não sabe conviver com as diferenças e precisa dicotomizar o ser humano. É ser humano separado em emoção e razão, corpo e mente, saudável e doente. Não conseguimos perceber a coexistência dessas coisas em um só sujeito, pois assim teríamos que admitir que não somos perfeitos. Nós não somos dicotomizados e nem multicotomizados, se é que essa palavra existe. Mas a gente faz isso como uma manobra para não assumir a nossa imperfeição.
            Aproveito ainda este Post para divulgar o Congresso Internacional de Autismo que irá acontecer aqui no nosso país, em Curitiba, dos dias 24 a 27 de agosto desse ano. Estaremos reunindo as maiores autoridades em pesquisa e atendimento na área, como o Psicanalista, Doutor em Psicologia do Desenvolvimento, membro da APPOA/ Centro Lydia Coriat de Porto Alegre / FEPI da Argentina Alfredo Jerusalinsky, a Psicanalista, doutora em Psicologia clínica, membro da Association Lacanienne Internationale e presidente da Pré-aut, Marie-Christine Laznik, o Chefe de Departamento de Psiquiatria Infantil do Hospital Pitié Salpétrière Autor, juntamente com Daniel Marcelli, do livro “Infância e Psicopatologia”  (livro sensacional publicado no Brasil pela Editora Artmed) Paris (França) David Cohen, o Professor de Neuropsiquiatria Infantil da Fondatione Stella Maris, diretor da Unidade de Psiquiatria do Departamento de Neurociências da Idade Evolutiva da Faculdade de Medicina de Pisa (Itália) Filippo Murattore, dentre outros experts no assunto.

            Estarei presente neste Congresso, pois precisamos estar a par de tudo que está acontecendo nessa área de diagnóstico! E vocês, vamos nessa?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Congresso Brasileiro de Ludo Diagnóstico!

Olá amigos!

Este post é para divulgar um evento que tenho certeza ser do interesse de todos os meus colegas psicólogos e em formação!

A Professora Dra. Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo e a Professora Dra. Rosa Maria Lopes Afonso estão encabeçando o Congresso Brasileiro de Ludo Diagnóstico! Trata-se de um evento de extrema importância pois abrange uma esfera do atendimento pouco explorada. O momento do ludo não se constitui apenas como estratégia para estabelecimento de rapport, mas também se configura como um momento de inestigação para levantamento de hipóteses!

O ludo diagnóstico tem sido realizado nos serviços prestados na Unifor à comunidade, tanto no Nami quanto no SPP, e acho que seria de extrema relevância que pudéssemos estar presentes!

O evento acontecerá em São Paulo dos dias 15 a 17 de setembro e ainda está com inscrições abertas para inscrever trabalhos nas modalidades oral e pôster!

Para mais informações: http://www.eppa.com.br/congresso/ludodiagnostico_2011/home.htm

Já estou me articulando para ir! Quem também se mobiliza????

abraços,

Liane Bastos

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Afinal de contas, pra que serve a terapia?


Resolvi escrever este post pois não é de hoje que escuto esta pergunta e comentários acerca de pessoas que não acreditam em psicoterapia. Frequentemente falam que não acham que essas “conversas” sejam eficazes. Porém, quando falam isso para algum profissional da psicologia, passam a reformular a frase e dizem: “Eu não acredito em terapia para mim! Mas com certeza deve ser muito eficaz para outras pessoas”.
A primeira coisa que é possível extrair desse discurso é que essas pessoas mostram grande dificuldade de assumirem suas opiniões de forma crua e sem vírgulas: utilizam mecanismos de defesa da comunicação para não serem tão taxativos, e dizem “Para outras pessoas...”. Mas o que elas estão demonstrando é uma extrema rigidez do pensamento, um perfil estático da personalidade, não diferenciação do outro, uma extrema impessoalidade e dificuldade de sentido. Tudo isso capaz de ser notado pelos psicólogos por essa simples frase. E isso não é incomum: é o perfil típico dos pacientes que procuram um atendimento psicológico pela primeira vez.
Dessa forma, será quase impossível que essas pessoas procurem psicoterapia, pois desenvolvem inúmeros mecanismos de defesas (não percebido somente em opiniões acerca da psicoterapia, mas acerca dos aspectos da sua vida como um todo) para que esse perfil permaneça como é. Visto que o ser humano é um ser da linguagem, um ser social, uma “conversa” com o psicólogo não deveria parecer tão aversiva, não acha? Mas ao contrário, uma conversa com qualquer pessoa não parece ser tão aversiva como o é frequentemente mencionada no contexto da psicoterapia. Essa é uma dificuladde que se expressa não apenas com o psicólogo: é uma dificuldade de estabelecer proximidade no contato pessoal para além da proximidade física ou familiar já conhecidas.
Percebe-se então, que não estamos “interpretando” o conteúdo do que as pessoas dizem acerca da psicoterapia, mas sim a forma do conteúdo, sendo ela o que realmente importa! Essas pessoas falam de algo que não parece ser próprio, parece que estão se defendendo de algo, e se dissermos isso a elas, com certeza elas não irião assumir: mecanismos de defesas que atuam dificultando reconhecer ou assumir seus próprios sentimentos, passando a ser remotos, distantes, existentes só no passado. Quando estas pessoas procuram psicoterapia, elas quase não fazem referência a si mesmos, mas ao que se passa no seus mundos. Não falam das coisas no presente, mas sim no passado, pois assim conseguem se distanciar da experiência, vendo-as como fatos externos.
Essas pessoas só irão procurar um psicólogo quando estiveemr em situações onde os seus sentimentos rígidos tenham sido incomodados a tal ponto que elas não conseguem mais acalmá-lo, aquiéta-lo, negá-lo, pois ele foi SENTIDO. Quando esse sentimento é insuportável é que passa-se a tomar conhecimento de algo desconhecido em si mesmo, e a estranheza dele incita a procura de ajuda. No caso, pode-se procurar um pastor, amigo, psicólogo: alguém que ajude a aliviar esse sofrimento. O motivo pelo qual procura-se uma dessas pessoas por ajudar não importa muito, mas o que cada uma dessas pessoas poderá oferecer é que é diferente.
Todo mundo sabe que o amigo é aquela pessoa que chora junto da gente, e que vai buscar a gente em casa quando tudo vai mal. Ele te dá um conselho e talvez não concorde com você. O pastor é aquele que, segundo a palavra de Deus, irá orientá-lo no que fazer e interceder a Deus junto com você. Ele lhe mostrará o que a palavra de Deus traz como verdade para a sua vida. Já o psicólogo não vai orar com você e nem vai buscá-lo em casa para tomar um sorvete para lhe animar. Ele não vai lhe mostrar o caminho para andar. Ele não vai te dar um conselho.
O que o psicólogo pode fazer então? Ele pode tentar ajudá-lo a sofrer menos naquilo que você lhe comunica através das diversas formas, mesmo que não seja por palavras, mas sim por mecanismos de defesas. Ele pode tentar ajudá-lo a conhecer forças que você não sabia existir em você. Ele também pode tentar ajudá-lo a identificar suas mais íntimas e desconhecidas fraquezas. O psicólogo pode tentar ajudá-lo no que você precisar, mas ele não pode promover nada disso sozinho: o sujeito dessa ciência é você! A terapia vai servir para você até onde você se dispuser! Ela não fará mais do que o que você pode fazer por si próprio. A terapia é um processo de mobilização dos aspectos da sua vida para ajudá-lo a viver melhor naquilo que você acha que é melhor para você. Na terapia não há nada conceitualizado acerca do homem, mas as verdades que existem são as suas verdades, e quando você as destrói, elas já não o são mais. A terapia é você se escutando! Você passa a agir pelo que sente, pelo que minunciosamente experiencia e entende do que sente, ao invés de impensadamente dar o pontapé que lhe parecer intuitivamente mais adequado.
Tente não ser rígido o suficiente para refletir sobre este post! Isso já é um bom começo!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Vamos para o Chile??? XII Congresso de al Sociedad Latinoamericana de Neuropsicología

Esse Post é para informar a Sociedade Científica da Psicologia acerca de um evento importantíssimo que irá ocorrer ainda esse ano!

A décima segunda edição do Congresso da Sociedade Latinoamericana de Neuropsicologia irá acontecer no Chile, nos dias 7, 8, 9 e 10 em Santiago, com o tema: A Neuropsicologia se encontra no Chile!

Os convidados incluem: Michael Gazzaniga, Ph.D. em Psicobiologia na Universidade da California, Annete Karmiloff-Smith, Doutora em Psicologia Genética e Experimental pela Universidade de Geneva, Bryan Kolb, Ph.D. pela Universidade de Ontario e Montreal, Marcela Monafina, Ph.D. em Neuropsicologia pela Universidade de Nova Iorque.

As atividades do Congresso estarão divididas em: Poster, Simposio, Cursos e Palestras.

Os trabalhos podem ser enviados até o dia 14 de maio! Então, aproveitem para articular um trabalho ou um estudo de caso para apresentar no Congresso! Com certeza será de grande contribuição para sua carreira profissional!

O site do congresso é: http://chile2011.slan.org/

Espero que possam ir!

Abraços!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O que você pensa sobre si?

O que você pensa sobre si, o que você sente acerca de si, a impressão que têm, o valor que se dá, são todos uma forma de descrever o Autoconceito: um conceito que tenta englobar toda a nossa especulação de nós mesmos!

É de muita relevância falar que o tal Autoconceito não é uma construção independente, ou seja, a gente não pensa o que quer sobre a gente! É difícil termos essa autonomia de olhar, pois vivemos em um mundo completamente socializado. É a socialização que nos constitui, e com absoluta certeza, que constitui o nosso Autoconceito. Portanto, gostaria de dizer algumas coisas sobre essa teia de socialização que constrói o autoconceito.
O Autoconceito começa a se construir no berço familiar, pois é lá que se estabelecem os primeiros vínculos, onde na interação com os pais, a criança passa a conhecer o que se espera dela, fazendo dos pais um ponto de referência a respeito de si. Pretende-se que a família contribua para formar um autoconceito positivo, com sentimentos de segurança, mas isso nem sempre é alcançado. Algumas pesquisas tem indicado que o autoconceito pode ser relativamente mais baixo em famílias de pais separados.
Em seguida, vemos que a Escola é de fundamental importância na constituição do nosso autoconceito, pois ela excede o papel de transmitir conhecimentos já que figura como um espaço rico de interações e promoção da socialização dos indivíduos. A escola integra a demanda cognitiva da aprendizagem do conteúdo e do mundo social. O diálogo dessas duas variáveis é determinante para o sucesso da criança nesse contexto, pois ela sente-se cada vez mais segura quando satisfaz as expectativas dos grupos que depositam nela uma demanda, a saber, os pais, os educadores e a sociedade. Os professores passam a fazer parte do referencial das crianças junto dos pais, enquanto que as outras crianças são os parâmetros para o que elas são capazes de realizar. Elas passam a construir a consciência do que podem ou não realizar, então, um fracasso escolar aparece como determinante para o insucesso da criança pois ele é visto como a falha com o compromisso mais acentuado e significante que ela tem nesta fase. Este fracasso pode gerar sentimentos de insegurança e falta de confiança. Quem não conhece inúmeras crianças que não tiveram bom desempenho nas primeiras séries do jardim de infância, mas mesmo assim foram passadas de ano? Isso acontece, pois, em alguns casos, se essas crianças permanecessem na mesma série, elas teriam um prejuízo emocional grandioso, maior do que a disparidade que sofreriam com a série seguinte.
Vê-se então o contexto relacional do autoconceito, como as representações dos alunos acerca das suas capacidades, realizações escolares e as avaliações que fazem dessas capacidades e realizações. 
Falar das correlações do Autoconceito com os Aspectos Físicos são, nos dias de hoje, questões indiscutíveis. A aparência é cada dia mais determinante para a aceitação dos indivíduos pelo meio social, no trabalho, pelo parceiro, contribuindo para que sejam mais bem aceitos, dentre tantas outras vantagens. 


Então deu para ficar mais claro que o que você pensa sobre si não é algo que você construiu sozinho? Embora você não consiga explicar ao certo tantos autoconceitos que tem sobre si, fique certo de uma coisa: você não construiu isso sobre si sozinho! E é por isso que ás vezes você se identifica com uma música, uma poesia, ou com um amigo! A grande sacada é saber como você construiu um autoconceito que talvez se martirize tanto por ele! Encontrar o significado dele pode ser um tanto quanto libertador, e quem sabe você descubra que neste autoconceito tem muito mais conceito dos outros do que seu!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sociedade da Satisfação x Sociedade da Motivação: O que lhe motiva na sua vida profissional?


Refletindo acerca dos conselhos generalizados de amigos para mim e para outros colegas acerca de estudar para CONCURSO PÚBLICO, consegui delinear um pouco ao que se referem essas pessoas que tem Concuros Público como a opção mais viável de sucesso profissional.
Os motivos que levam uma pessoa a procurar o concurso público quase sempre são os mesmos: bons salários com poucas horas de trabalho, estabilidade, férias garantida, enfim, uma despreocupação com a remuneração e benefícios no trabalho. Estamos falando, portanto, de SATISFAÇÃO. Satisfação é a função de GARANTIR as necessidades básicas de sobrevivência, ou seja, satisfazer é atender ou eliminar uma necessidade (Bergamini et Coda, 1990).
            Você deve estar se perguntando: Mas qual o problema de se querer estar satisfeito no trabalho? Nenhum! O problema está em cair no mito de que Satisfação = Motivação, ou melhor, achar que SATISFAÇÃO é um importante determinante da MOTIVAÇÃO e, por causa disso, um melhor desempenho no trabalho. Aí é onde mora o erro. Satisfação não provoca Motivação e nem é se não tomarmos cuidado, pode nem ser influenciador.
            Você deve estar pensando nos muitos exemplos de profissionais que se dizem plenamente satisfeitos no seus trabalhos, mas será que eles estão MOTIVADOS? Uma coisa é muito diferente da outra! Tenho inúmeros colegas que fazem trabalhos em locais suuper distantes, sem remuneração e com um ambiente extremamente aversivo, mas mesmo assim dizem adooorar o que fazem! Como assim? Como pode uma pessoa gostar do trabalho que faz mesmo que ele não lhe ofereça condições  mais favoráveis para que você exerça o trabalho com maestria? Antes de falarmos no que é mais importante para cada pessoa em cada momento de vida, se Satisfação ou Motivação, vamos falar no conceito de motivação.
            Motivação é uma experiência interna, como uma força que emerge, regula e sustenta nossas ações, desde as mais simples às mais importantes. Esta experiência é baseada nas necessidades do intelecto, ou seja, necessidades de crescimento com base nas recompensas intrínsecas da realização de um trabalho. Quem nunca ouviu exemplos de pessoas que não tinham nada e que de tanta “força de vontade” ou “determinação” conseguiram fazer o que queriam? Ou aquela pessoa que tinha dificuldades ou problemas com saúde, mas conseguiu se superar, tornando-se quase um atleta? Esses são exemplos vivos da Motivação. E, a ordem dos fatores altera o produto, pois Motivação pode provocar Satisfação.
E de onde vem essa motivação? Ela vem da importância que você dá às diversas coisas que orientam sua vida. Rusticamente, pode-se dizer que a motivação está baseada na construção de valores como representações cognitivas das suas necessidades e seus motivos. É daí que você irá traçar suas metas e intenções.
Retornando para o tema deste post “Sociedade da Satisfação x Sociedade da Motivação: o que lhe motiva na sua vida profissional?”, sinto-me extremamente a vontade para lhe alertar para algumas coisas. Você é provavelmente aquela pessoa que está estudando para um monte de prova de concurso para ver em qual deles você passa. Ou você tem um trabalho que considera mais ou menos e sempre que vê alguém passando em um concurso fica com aquela pontinha de inveja dos benefícios que ele irá obter no cargo. Ou você já é até concursado, mas está se preparando para outra prova de um cargo melhor. Nesse caso, é muito claro que estamos tratando de Satisfação, não é? Então já que você tem escolhido o caminho da satisfação para procurar um trabalho, preciso informá-lo que dificilmente você poderá dizer que está realizado no trabalho. Você está escolhendo um labor que você não vai ter vontade de fazer todos os dias. Você poderá até não odiá-lo, mas se pudesse escolher, ele não estaria nas suas escolhas Top 5.
E o caso de você se sentir motivado no trabalho exercido naquele concurso para o qual você passou tantos anos estudando? Bem, meu amigo, a não ser que você tenha a vocação para o posto deste concurso a muitos anos e que tenha insistido nele e em nenhum outro (que não é o caso da maioria dos concursandos), acho que você está no caminho certo. Essa motivação pode ser vista nessa determinação de insistir no que lhe motiva.
A falta de motivação é frequentemente o motivo psicológico desconhecido de tantos erros médicos, de tanta ineficiência no serviço público, da morosidade da justiça, da superficialidade nos relacionamentos, dentre tantas outras coisas.
Para os meus amigos e amigas, acho muito pertinente dizer-lhes para investigar quais são as suas prioridades e motivações. Na Sociedade atual, e principalmente para nós, jovens, é a Satisfação que nos seduz e nos conquista. É a proposta de um bom salário logo. De poucas horas de trabalho. Do prestígio de um posto. Mas ela (a satisfação) pode também ser o antídoto da nossa motivação. Trabalho sem motivação gera a Sociedade da Alienação e da Acomodação. Se você tiver a sorte de passar em um concurso e sentir-se motivado no posto, sinta-se um sortudo e, aliás já está na hora de jogar na loteria, pois isso não acontece com muitos. Só acontece com aqueles que correm atrás de conquistar Satisfação através da Motivação.

Investigue os Motivos que lhe levam a agir. Isso pode ser de grande ajuda, não só no campo profissional, mas em toda a sua vida!