domingo, 15 de maio de 2011

Autismo: Pesquisa contra o Preconceito!

O transtorno spectrum de autismo, como está sendo denominado no DSM V, mas que ainda é vulgarmente chamado apenas de autismo, corresponde a um sujeito comprometido em três grandes áreas, são elas: prejuízo qualitativo na interação social, prejuízo qualitativo na comunicação, e presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. A palavra autismo refere-se à uma orientação para si mesmo
            Essa interação social mostra a dificuldade de interagir com o outro, como nos simples comportamentos de iniciar conversas sociais, de responder às demandas sociais, de gestos e de uso da linguagem nesse contexto. No caso do prejuízo na comunicação, é importante ressaltar que o aparato fonológico permanece intacto, sendo que a intenção comunicativa não se manifesta, como se faltasse motivação para buscar e dirigir a atenção do outro para si. O olhar da criança não é direcionado para o social, e de tão inexistente, pensava-se que ele não existia, mas as pesquisas mostram que o olhar existe, mas por ser tão breve, passa desapercebido. É um olhar que desconhece a sua função, e se distingue de crianças com transtornos de linguagem, pois elas utilizam outras formas de comunicação, como palavras e posturas corporais, no caso das mudas ou surdas ou nos casos de transtornos de linguagem.  Esse ajuste postural não acontece no autismo.  Por último, a presença de comportamentos repetitivos e estereotipados é quando a criança fica o tempo todo movimentando um objeto da mesma forma, sem motivo e sem utilizá-lo com a função dele. A criança pega a bola, mas não para chutá-la, e sim para subir em cima dela, por exemplo. É bastante intrigante ver que a criança se desliga de componentes muito mais interessantes para ficar engajada num comportamento de olhar incessantemente em um só objeto, e ela ficará tensa se algo acontecer ao objeto.
            Ao ler a breve descrição dos aspectos prejudicados no sujeito portador do transtorno de spectrum de autismo, vocês devem ter lembrado e visualizado alguém com esse perfil. Você deve estar lembrando também daqueles perfis de autistas savantes, mas que só figuram como 10% dos casos, onde todos os outros apresentam uma deficiência mental. Porém, não pretendo apenas esclarecer como uma pessoa com autismo é neste post, mas também relevar que ainda hoje agimos preconceituosamente com essas pessoas.
            Fico muito indignada quando vejo programas de televisão utilizar-se desse perfil para promover o humor da audiência, como aconteceu no programa da MTV que fez um trocadilho sem graça com “casa dos artistas” e “casa dos autistas”. Isso mostra o quão retrógrados ainda somos, mesmo que desde a década de 80 o autismo tenha passado a configurar nos manuais de psiquiatria como um dos transtornos globais do desenvolvimento. Já fazem 31 anos que isso aconteceu, mas a televisão brasileira insiste em ser velha e preconceituosa, estigmatizando o sujeito.
            Isso tudo porquê a gente não sabe conviver com as diferenças e precisa dicotomizar o ser humano. É ser humano separado em emoção e razão, corpo e mente, saudável e doente. Não conseguimos perceber a coexistência dessas coisas em um só sujeito, pois assim teríamos que admitir que não somos perfeitos. Nós não somos dicotomizados e nem multicotomizados, se é que essa palavra existe. Mas a gente faz isso como uma manobra para não assumir a nossa imperfeição.
            Aproveito ainda este Post para divulgar o Congresso Internacional de Autismo que irá acontecer aqui no nosso país, em Curitiba, dos dias 24 a 27 de agosto desse ano. Estaremos reunindo as maiores autoridades em pesquisa e atendimento na área, como o Psicanalista, Doutor em Psicologia do Desenvolvimento, membro da APPOA/ Centro Lydia Coriat de Porto Alegre / FEPI da Argentina Alfredo Jerusalinsky, a Psicanalista, doutora em Psicologia clínica, membro da Association Lacanienne Internationale e presidente da Pré-aut, Marie-Christine Laznik, o Chefe de Departamento de Psiquiatria Infantil do Hospital Pitié Salpétrière Autor, juntamente com Daniel Marcelli, do livro “Infância e Psicopatologia”  (livro sensacional publicado no Brasil pela Editora Artmed) Paris (França) David Cohen, o Professor de Neuropsiquiatria Infantil da Fondatione Stella Maris, diretor da Unidade de Psiquiatria do Departamento de Neurociências da Idade Evolutiva da Faculdade de Medicina de Pisa (Itália) Filippo Murattore, dentre outros experts no assunto.

            Estarei presente neste Congresso, pois precisamos estar a par de tudo que está acontecendo nessa área de diagnóstico! E vocês, vamos nessa?

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