segunda-feira, 2 de maio de 2011

Afinal de contas, pra que serve a terapia?


Resolvi escrever este post pois não é de hoje que escuto esta pergunta e comentários acerca de pessoas que não acreditam em psicoterapia. Frequentemente falam que não acham que essas “conversas” sejam eficazes. Porém, quando falam isso para algum profissional da psicologia, passam a reformular a frase e dizem: “Eu não acredito em terapia para mim! Mas com certeza deve ser muito eficaz para outras pessoas”.
A primeira coisa que é possível extrair desse discurso é que essas pessoas mostram grande dificuldade de assumirem suas opiniões de forma crua e sem vírgulas: utilizam mecanismos de defesa da comunicação para não serem tão taxativos, e dizem “Para outras pessoas...”. Mas o que elas estão demonstrando é uma extrema rigidez do pensamento, um perfil estático da personalidade, não diferenciação do outro, uma extrema impessoalidade e dificuldade de sentido. Tudo isso capaz de ser notado pelos psicólogos por essa simples frase. E isso não é incomum: é o perfil típico dos pacientes que procuram um atendimento psicológico pela primeira vez.
Dessa forma, será quase impossível que essas pessoas procurem psicoterapia, pois desenvolvem inúmeros mecanismos de defesas (não percebido somente em opiniões acerca da psicoterapia, mas acerca dos aspectos da sua vida como um todo) para que esse perfil permaneça como é. Visto que o ser humano é um ser da linguagem, um ser social, uma “conversa” com o psicólogo não deveria parecer tão aversiva, não acha? Mas ao contrário, uma conversa com qualquer pessoa não parece ser tão aversiva como o é frequentemente mencionada no contexto da psicoterapia. Essa é uma dificuladde que se expressa não apenas com o psicólogo: é uma dificuldade de estabelecer proximidade no contato pessoal para além da proximidade física ou familiar já conhecidas.
Percebe-se então, que não estamos “interpretando” o conteúdo do que as pessoas dizem acerca da psicoterapia, mas sim a forma do conteúdo, sendo ela o que realmente importa! Essas pessoas falam de algo que não parece ser próprio, parece que estão se defendendo de algo, e se dissermos isso a elas, com certeza elas não irião assumir: mecanismos de defesas que atuam dificultando reconhecer ou assumir seus próprios sentimentos, passando a ser remotos, distantes, existentes só no passado. Quando estas pessoas procuram psicoterapia, elas quase não fazem referência a si mesmos, mas ao que se passa no seus mundos. Não falam das coisas no presente, mas sim no passado, pois assim conseguem se distanciar da experiência, vendo-as como fatos externos.
Essas pessoas só irão procurar um psicólogo quando estiveemr em situações onde os seus sentimentos rígidos tenham sido incomodados a tal ponto que elas não conseguem mais acalmá-lo, aquiéta-lo, negá-lo, pois ele foi SENTIDO. Quando esse sentimento é insuportável é que passa-se a tomar conhecimento de algo desconhecido em si mesmo, e a estranheza dele incita a procura de ajuda. No caso, pode-se procurar um pastor, amigo, psicólogo: alguém que ajude a aliviar esse sofrimento. O motivo pelo qual procura-se uma dessas pessoas por ajudar não importa muito, mas o que cada uma dessas pessoas poderá oferecer é que é diferente.
Todo mundo sabe que o amigo é aquela pessoa que chora junto da gente, e que vai buscar a gente em casa quando tudo vai mal. Ele te dá um conselho e talvez não concorde com você. O pastor é aquele que, segundo a palavra de Deus, irá orientá-lo no que fazer e interceder a Deus junto com você. Ele lhe mostrará o que a palavra de Deus traz como verdade para a sua vida. Já o psicólogo não vai orar com você e nem vai buscá-lo em casa para tomar um sorvete para lhe animar. Ele não vai lhe mostrar o caminho para andar. Ele não vai te dar um conselho.
O que o psicólogo pode fazer então? Ele pode tentar ajudá-lo a sofrer menos naquilo que você lhe comunica através das diversas formas, mesmo que não seja por palavras, mas sim por mecanismos de defesas. Ele pode tentar ajudá-lo a conhecer forças que você não sabia existir em você. Ele também pode tentar ajudá-lo a identificar suas mais íntimas e desconhecidas fraquezas. O psicólogo pode tentar ajudá-lo no que você precisar, mas ele não pode promover nada disso sozinho: o sujeito dessa ciência é você! A terapia vai servir para você até onde você se dispuser! Ela não fará mais do que o que você pode fazer por si próprio. A terapia é um processo de mobilização dos aspectos da sua vida para ajudá-lo a viver melhor naquilo que você acha que é melhor para você. Na terapia não há nada conceitualizado acerca do homem, mas as verdades que existem são as suas verdades, e quando você as destrói, elas já não o são mais. A terapia é você se escutando! Você passa a agir pelo que sente, pelo que minunciosamente experiencia e entende do que sente, ao invés de impensadamente dar o pontapé que lhe parecer intuitivamente mais adequado.
Tente não ser rígido o suficiente para refletir sobre este post! Isso já é um bom começo!

3 comentários:

  1. Adorei a forma simples e direta como o tema foi abordado, principalmente quando diz que a terapia nos disponibiliza nossos próprios recursos a nosso favor. A terapia com certeza traz um extraordinário crescimento pessoal.
    Abcs

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  2. Liane, adorei seu blog!!! muito legal mesmo!! Tb estou com um, mas ando tão sem tempo (inspiração) para escrever... Mas essa semana vou voltar a ativa...
    Parabens!!!
    Bjs

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  3. Acho que a pergunta ideal deveria ser: Para que serve um "Psicólogo"?
    As pessoas vivem individualmente em sociedade, desconfiando uma das outras.Essa realidade não deixa espaço para "amigos" nem para "pastores" confiáveis. Esse universo é gerador de pessoas infelizes, por isso surgiu a figura do profissional chamado "psicólogo" que regido pela lei da ética, tenta ganhar a confiança da pessoa para conduzi-la ao auto conhecimento.
    Se o psicólogo não ganhar a cnfiança do paciente, quase nada poderá fazer.
    Mesmo assim gostei. Parabens!

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