segunda-feira, 30 de maio de 2011

E o que é Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica afinal?!


Bom, achei proveitoso esclarecer para os meus amigos de que se trata Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica que eu tenho tanto falado e divulgado aqui. Não apenas por eu estar neste exato momento em Bento Gonçalves participando do V Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, mas por perceber a incrível abertura e demanda que esta área tem ganho nos últimos anos, que é do que se trata a Resolução 009/2011 do CFP.

Trata-se de uma prática exclusiva do psicólogo que pretende investigar uma queixa para entender a dinâmica da manifestação desse fenômeno e para assim poder responder e tomar medidas cabíveis. Assim sendo, pode-se perceber essa prática inserida em diversos contextos, como o da Avaliação Psicológica na área da Educação, quando as dificuldades de aprendizagem ultrapassam as diversas tentativas de ensino, a Avaliação Psicológica na Saúde, como a realizada para pacientes de cirurgia bariátrica, a Avaliação Psicológica no contexto Organizacional, para conhecer bem as potencialidades do sujeito e encaixá-lo no posto mais adequado, a Avaliação Psicológica Pericial, quando o juiz solicita o entendimento das questões psicológicas para ajudá-lo a decidir em questões, a Avaliação Neuropsicológica, que investiga lesões que possam ter causado dano psíquico, dentre tantas outras.
Para que vocês tenham idéia, já existe há mais de 20 anos a Avaliação Psicológica Intercultural, para avaliar o candidato para viagem de Intercâmbio.
Todas essas avaliações psicológicas focam-se em no máximo 10 atendimentos que se sucedem através de diversas técnicas para permitir conhecer o sintoma na sua magnitude.

Portanto, gostaria também de expor nesse post, acerca da nova Resolução do Conselho Federal de Psicologia. É a Resolução 009/2011, acerca da Avaliação Psicológica no contexto do Trânsito. Você deve se lembrar do tal "teste psicotécnico", não é? Pois bem, há alguns anos, as técnicas e os testes psicológicos eram muito mal empregados, o que acabou estigmatizando as nossas ferramentas. Portanto, nada mais proveitoso do que essa resolução que discorre sobre a Avaliação e a importância do uso dos Testes Psicológicos.

E a diferença entre Psicodiagnóstico e Avaliação Psicológica? Bem, vários autores tem diferentes opiniões sobre o assunto, mas o consenso parece ser o de que todas as vezes que se utilizam testes psicológicos (é possível não utilizá-los e fazer uma avaliação satisfatória) nesse tipo de Avaliação, ele passa a ser chamado de Psicodiagnóstico.

Agora que você sabe o que é Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico, me responde: É impossível não conhecer alguém que tenha passado ou precise passar por esse atendimento, não é?

A resolução está abaixo caso se interessem em ler:

Resolução CFP nº 009/2011

Altera a Resolução CFP nº 007/2009, publicada no DOU, Seção 1, do dia 31 de julho de 2009
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971 e;
CONSIDERANDO a Resolução CFP nº 07/09, que institui normas e procedimentos para a avaliação psicológica no contexto do Trânsito;
CONSIDERANDO o compromisso do Sistema Conselhos em qualificar a área de avaliação psicológica no contexto do Trânsito;
CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão realizada no dia 06 de maio de 2011,
RESOLVE:
Art. 1º – Alterar o texto do Anexo II da Resolução CFP nº 07/2009, publicada no DOU, Seção 1, do dia 31 de julho de 2009, o qual passa a ter a seguinte redação:
"Anexo II da Resolução CFP nº 007/2009
A avaliação psicológica no trânsito, assim como em qualquer outro contexto de atuação do psicólogo, deve ter suas conclusões pautadas em um processo de investigação com base científica reconhecida. O uso de testes psicológicos nesse processo requer que os mesmos tenham evidências de validade para tal propósito, assim como os demais métodos usados nessa avaliação.
Especificamente, para o contexto do trânsito, os estudos considerados mais importantes no que se refere à base científica do instrumento são os de validade de critério que procuram demonstrar que determinado construto (atenção, por exemplo) está associado a algum evento importante do contexto social que se pretenda prevenir (acidentes causados por imprudência) e/ou reforçar (direção segura e respeito às leis). Tais eventos se transformam em variáveis externas (critérios) a serem investigados em termos de quanto conseguem ser previstos a partir dos resultados dos testes que mensuram tais construtos. Esses estudos geralmente comparam o desempenho nos testes de grupos de pessoas com acidentes causados por imprudência, por exemplo, com grupos gerais. Se forem encontradas diferenças significativas em um determinado teste concluiu-se que aquele construto/teste tem alguma informação útil e relevante àquele contexto.
Para a interpretação dos resultados dos testes aplicados no contexto do trânsito, recomenda-se que sejam utilizadas as normas específicas e/ou gerais dos instrumentos, e que sejam seguidas as orientações previstas nos respectivos manuais para a análise dos dados encontrados. O psicólogo deve colocar em prática os preceitos da avaliação psicológica, quais sejam, os dados advindos dos testes psicológicos devem ser reunidos às informações fornecidas por outros recursos avaliativos, com o objetivo de que sua compreensão final inclua as informações contextuais.
Além disto, sugere-se que sejam realizados continuamente estudos nacionais tendo como base os dados já coletados com os instrumentos adotados e com indicadores relevantes para esse contexto, e que sejam levantados os estudos internacionais que indiquem a relação teórica e empírica entre os resultados de testes semelhantes aos disponíveis no Brasil para uso no trânsito, apoiando sua validade de critério".
Art. 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília - DF, 09 de maio de 2011.
HUMBERTO VERONA
Conselheiro Presidente


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alternativas para a Obesidade: Dieta ou Cirurgia?

Gostaria de compartilhar com vocês a história de uma grande amiga que estava passando por um problema de saúde: o sobrepeso. Este problema tem acometido muitos, e as alternativas para “se curar” também são das mais variadas, como, dietas, remédios, massagens, regimes da sopa, até o método mais extremo: a cirurgia bariátrica. Aqui no Brasi,l ela tem se popularizado com uma rapidez tamanha, e é possível ver pessoas que não se encontram nas indicações para a cirurgia tendo-a como a opção mais viável. Não sou contra a cirurgia, porém concordo com a Medicina quando diz que ela deve ser restrita, sendo indicada para casos de pessoas com obesidade mórbida, o que implica em outros danos à saúde além do acúmulo de peso, como: hipertensão arterial, diabete, apnéia do sono, artropatia, dentre outras.
Contudo, o que se observa é uma gama enorme de pessoas optando pela cirurgia como se ela fosse um procedimento estético. É lamentável que equipes médicas se submetam ao desejo do paciente em detrimento da ética. Lamento ainda mais as “perdas” associadas ao procedimento cirúrgico, pois são poucos os casos de pós-operatórios que não aderem a outros problemas de saúde.
Fazer dieta e perder peso não é fácil, e quase todo mundo não só sabe disso, mas já experimentou essa sensação. Para os mais novos, a coisa parece ser mais fácil, mas precisa-se do menor dos esforços, mesmo para eles. Contudo, uma dieta bem elaborada e bem seguida associada a exercícios físicos desenvolve características na personalidade que vão exercer papel importantíssimo para além da luta contra o peso. Isso é muito pouco observável em pessoas que passaram pelo procedimento cirúrgico. Portanto, seria interessante ler o exemplo e o comprometimento dessa colega:
“Eu sempre fui vista por todos como uma ‘Menina Grande’. Hoje, aos 25, eu meço 1,80. Quando estava crescendo, eu sempre era a maior da turma, tanto em altura como em peso. Na verdade, eu achava que eu nunca pararia de crescer e sentia como se houvesse um adesivo permanente na minha testa dizendo: ‘Menina Grande’. Mesmo no Ensino Médio, eu justificava o que eu queria comer e a quantidade por eu ser uma garota grande, e assim sendo, é isso que garotas grandes fazem.
Quando eu terminei o colégio em 2003, eu vestia tamanho 48 e tinha muito orgulho, já que eu era uma garota de 1,80, sendo permitido ser gordinha por causa disso.
Aqui nos EUA, o primeiro ano da faculdade é conhecido como ‘calouro 7’, fazendo referência aos 7 quilos que você engorda no primeiro ano da faculdade devido ao estresse e à comida do dormitório. Contudo, eu levei a sério essa frase boba e engordei, não 7, mas 10 quilos. E no ano seguinte, mais 10, no seguinte, outros 10, e no posterior 10 também. Quando eu voltei para a minha cidade natal depois de ter me graduado e começado o meu primeiro trabalho na área, eu vestia 56. Eu tive muita dificuldade para encontrar roupas para a minha entrevista na Sociedade Americana de Cancer, onde eu trabalho atualmente. E ainda pro meu desgosto, nos dois anos seguintes, eu continuei a ganhar peso.
O ápice do meu peso foi em Setembro de 2009, quando minha chefe me deu uma foto da nossa equipe do Apoie a Vida. Eu percebi o quanto meu rosto era gordinho. Nas fotos de grupo, eu sempre me escondo por trás do outros para não mostrar a minha forma redonda, mas dessa vez alguém, de alguma forma, me empurrou para a frente do grupo pois eu sou a líder. E Meu Deus!!!!
Quando a minha chefe me deu aquela foto eu me senti MUITO envergonhada da minha aparência; e ainda com medo que alguém pudesse me julgar por aparentar tão ruim. Então eu cheguei á conclusão que essa era minha aparência o tempo todo. Todo mundo me via daquela forma o tempo todo, mas eu me recusava a me olhar no espelho, então eu não podia fazer idéia disso. Então eu decidi que bastava! Minha chefe me deu aquela foto e em menos de uma semana, no dia 17 de setembro de 2009 eu me inscrevi no Vigilantes do Peso.
Eu gostaria de ter coragem de compatilhar com vocês o meu peso inicial, mas ainda não tenho. Talvez um dia, quando eu alcançar a minha meta, eu compartilhe. Eu não estava preparada psicologicamente para o que significava começar uma dieta, mas eu sabia que se eu não fizesse nada para mudar meu estilo de vida, eu estaria correndo sérios riscos.
Eu me impulsionei para realmente aderir ao programa e seguir as regras ao invés de criar desculpas preguiçosas. Eu tentei escutar uma voz fraquinha no meu coração me encourajando a ser ativa e a comer corretamente. Eu chamei essa voz fraquinha de ‘Minha Olivia Palito Interior’. Para mim, é fácil fazer piadas, dizer que ‘Minha Magali Exterior’ comeu a ‘Minha Olivia Palito Interior’, mas a verdade é que eu queria me amar o suficiente  para ser saudável – e isso significava que eu precisava que a ‘Minha Olivia Palito Interior’ dominasse. Eu me deixei sair dessa auto-depreciação, de menina grande e preguiçosa para a bela ruiva com missão de vida saudável.
Eu fiz exercícios de aeróbica na água, e depois zumba, em seguida, investi em um grupo de treino. Eu fiz elíptico por 10 minutos e não morri. Eu me deixei celebrar pelas pequenas vitórias que eu sabia que me ajudariam passo a passo para a saúde, ao invés de me julgar por não ter perdido as calorias que eu gostaria de ter perdido.
No dia 17 de Maio de 2011 eu perdi oficialmente 40 quilos desde que me associei ao Vigilantes do Peso. Eu iniciei uma nova função na Sociedade Americana do Cancer em outubro e não me dediquei como eu deveria no meu programa de perda de peso, mas quando esta estação aperreada terminar ao final do mês, eu me comprometo com TODOS vocês leitores de retornar ao programa com 100% de dedicação.
Meu conselho para qualquer pessoa lendo minha história e que gostaria de um conselho, eu diria: ame-se. Quer você seja gorda, magra, alta, baixa: respeite-se. Nós somos nossos maiores críticos e para mim, basta! Eu costumava brincar com meu peso, com minha preguiça e com minha incapacidade de dizer não para a pizza do DeLuca´s. Eu era a minha pior crítica e frescava sobre mim mesma o tempo todo. É claro que é bom ter um senso de humor em algumas situações, mas não se deve ter vergonha de se amar o suficiente para batalhar por si mesma!”
Espero que este exemplo tenha inspirado vocês a pensar nos ganhos primários, secundários, terciários, enfim, múltiplos de uma perda de peso não-invasiva. Uma cirurgia bariátrica é uma alternativa que pode despotencialiar o sujeito ainda mais, mesmo que ele se sinta maravilhoso. A força motriz dessa mudança não foi ele, mas sim o médico, e  a única coisa que ele precisa fazer é aderir forçosamente ao programa de reestruturação da alimentação. É óbvio que isso passa pelas instâncias da personalidade, sendo por isso que tantos transtornos de impulsos (compulsão por compras, bebidas, jogos) são desenvolvidos posterior a esse programa de emagrecimento.
Reflita sobre isso: O caminho mais rápido para alcançar saúde nem sempre é o mais saudável!!!

P.S.: Neste blog, já falamos sobre esse o problema da fome como sendo de ordem psicológica. Acesse o post: Fome física x Fome emocional.

domingo, 15 de maio de 2011

Autismo: Pesquisa contra o Preconceito!

O transtorno spectrum de autismo, como está sendo denominado no DSM V, mas que ainda é vulgarmente chamado apenas de autismo, corresponde a um sujeito comprometido em três grandes áreas, são elas: prejuízo qualitativo na interação social, prejuízo qualitativo na comunicação, e presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. A palavra autismo refere-se à uma orientação para si mesmo
            Essa interação social mostra a dificuldade de interagir com o outro, como nos simples comportamentos de iniciar conversas sociais, de responder às demandas sociais, de gestos e de uso da linguagem nesse contexto. No caso do prejuízo na comunicação, é importante ressaltar que o aparato fonológico permanece intacto, sendo que a intenção comunicativa não se manifesta, como se faltasse motivação para buscar e dirigir a atenção do outro para si. O olhar da criança não é direcionado para o social, e de tão inexistente, pensava-se que ele não existia, mas as pesquisas mostram que o olhar existe, mas por ser tão breve, passa desapercebido. É um olhar que desconhece a sua função, e se distingue de crianças com transtornos de linguagem, pois elas utilizam outras formas de comunicação, como palavras e posturas corporais, no caso das mudas ou surdas ou nos casos de transtornos de linguagem.  Esse ajuste postural não acontece no autismo.  Por último, a presença de comportamentos repetitivos e estereotipados é quando a criança fica o tempo todo movimentando um objeto da mesma forma, sem motivo e sem utilizá-lo com a função dele. A criança pega a bola, mas não para chutá-la, e sim para subir em cima dela, por exemplo. É bastante intrigante ver que a criança se desliga de componentes muito mais interessantes para ficar engajada num comportamento de olhar incessantemente em um só objeto, e ela ficará tensa se algo acontecer ao objeto.
            Ao ler a breve descrição dos aspectos prejudicados no sujeito portador do transtorno de spectrum de autismo, vocês devem ter lembrado e visualizado alguém com esse perfil. Você deve estar lembrando também daqueles perfis de autistas savantes, mas que só figuram como 10% dos casos, onde todos os outros apresentam uma deficiência mental. Porém, não pretendo apenas esclarecer como uma pessoa com autismo é neste post, mas também relevar que ainda hoje agimos preconceituosamente com essas pessoas.
            Fico muito indignada quando vejo programas de televisão utilizar-se desse perfil para promover o humor da audiência, como aconteceu no programa da MTV que fez um trocadilho sem graça com “casa dos artistas” e “casa dos autistas”. Isso mostra o quão retrógrados ainda somos, mesmo que desde a década de 80 o autismo tenha passado a configurar nos manuais de psiquiatria como um dos transtornos globais do desenvolvimento. Já fazem 31 anos que isso aconteceu, mas a televisão brasileira insiste em ser velha e preconceituosa, estigmatizando o sujeito.
            Isso tudo porquê a gente não sabe conviver com as diferenças e precisa dicotomizar o ser humano. É ser humano separado em emoção e razão, corpo e mente, saudável e doente. Não conseguimos perceber a coexistência dessas coisas em um só sujeito, pois assim teríamos que admitir que não somos perfeitos. Nós não somos dicotomizados e nem multicotomizados, se é que essa palavra existe. Mas a gente faz isso como uma manobra para não assumir a nossa imperfeição.
            Aproveito ainda este Post para divulgar o Congresso Internacional de Autismo que irá acontecer aqui no nosso país, em Curitiba, dos dias 24 a 27 de agosto desse ano. Estaremos reunindo as maiores autoridades em pesquisa e atendimento na área, como o Psicanalista, Doutor em Psicologia do Desenvolvimento, membro da APPOA/ Centro Lydia Coriat de Porto Alegre / FEPI da Argentina Alfredo Jerusalinsky, a Psicanalista, doutora em Psicologia clínica, membro da Association Lacanienne Internationale e presidente da Pré-aut, Marie-Christine Laznik, o Chefe de Departamento de Psiquiatria Infantil do Hospital Pitié Salpétrière Autor, juntamente com Daniel Marcelli, do livro “Infância e Psicopatologia”  (livro sensacional publicado no Brasil pela Editora Artmed) Paris (França) David Cohen, o Professor de Neuropsiquiatria Infantil da Fondatione Stella Maris, diretor da Unidade de Psiquiatria do Departamento de Neurociências da Idade Evolutiva da Faculdade de Medicina de Pisa (Itália) Filippo Murattore, dentre outros experts no assunto.

            Estarei presente neste Congresso, pois precisamos estar a par de tudo que está acontecendo nessa área de diagnóstico! E vocês, vamos nessa?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Congresso Brasileiro de Ludo Diagnóstico!

Olá amigos!

Este post é para divulgar um evento que tenho certeza ser do interesse de todos os meus colegas psicólogos e em formação!

A Professora Dra. Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo e a Professora Dra. Rosa Maria Lopes Afonso estão encabeçando o Congresso Brasileiro de Ludo Diagnóstico! Trata-se de um evento de extrema importância pois abrange uma esfera do atendimento pouco explorada. O momento do ludo não se constitui apenas como estratégia para estabelecimento de rapport, mas também se configura como um momento de inestigação para levantamento de hipóteses!

O ludo diagnóstico tem sido realizado nos serviços prestados na Unifor à comunidade, tanto no Nami quanto no SPP, e acho que seria de extrema relevância que pudéssemos estar presentes!

O evento acontecerá em São Paulo dos dias 15 a 17 de setembro e ainda está com inscrições abertas para inscrever trabalhos nas modalidades oral e pôster!

Para mais informações: http://www.eppa.com.br/congresso/ludodiagnostico_2011/home.htm

Já estou me articulando para ir! Quem também se mobiliza????

abraços,

Liane Bastos

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Afinal de contas, pra que serve a terapia?


Resolvi escrever este post pois não é de hoje que escuto esta pergunta e comentários acerca de pessoas que não acreditam em psicoterapia. Frequentemente falam que não acham que essas “conversas” sejam eficazes. Porém, quando falam isso para algum profissional da psicologia, passam a reformular a frase e dizem: “Eu não acredito em terapia para mim! Mas com certeza deve ser muito eficaz para outras pessoas”.
A primeira coisa que é possível extrair desse discurso é que essas pessoas mostram grande dificuldade de assumirem suas opiniões de forma crua e sem vírgulas: utilizam mecanismos de defesa da comunicação para não serem tão taxativos, e dizem “Para outras pessoas...”. Mas o que elas estão demonstrando é uma extrema rigidez do pensamento, um perfil estático da personalidade, não diferenciação do outro, uma extrema impessoalidade e dificuldade de sentido. Tudo isso capaz de ser notado pelos psicólogos por essa simples frase. E isso não é incomum: é o perfil típico dos pacientes que procuram um atendimento psicológico pela primeira vez.
Dessa forma, será quase impossível que essas pessoas procurem psicoterapia, pois desenvolvem inúmeros mecanismos de defesas (não percebido somente em opiniões acerca da psicoterapia, mas acerca dos aspectos da sua vida como um todo) para que esse perfil permaneça como é. Visto que o ser humano é um ser da linguagem, um ser social, uma “conversa” com o psicólogo não deveria parecer tão aversiva, não acha? Mas ao contrário, uma conversa com qualquer pessoa não parece ser tão aversiva como o é frequentemente mencionada no contexto da psicoterapia. Essa é uma dificuladde que se expressa não apenas com o psicólogo: é uma dificuldade de estabelecer proximidade no contato pessoal para além da proximidade física ou familiar já conhecidas.
Percebe-se então, que não estamos “interpretando” o conteúdo do que as pessoas dizem acerca da psicoterapia, mas sim a forma do conteúdo, sendo ela o que realmente importa! Essas pessoas falam de algo que não parece ser próprio, parece que estão se defendendo de algo, e se dissermos isso a elas, com certeza elas não irião assumir: mecanismos de defesas que atuam dificultando reconhecer ou assumir seus próprios sentimentos, passando a ser remotos, distantes, existentes só no passado. Quando estas pessoas procuram psicoterapia, elas quase não fazem referência a si mesmos, mas ao que se passa no seus mundos. Não falam das coisas no presente, mas sim no passado, pois assim conseguem se distanciar da experiência, vendo-as como fatos externos.
Essas pessoas só irão procurar um psicólogo quando estiveemr em situações onde os seus sentimentos rígidos tenham sido incomodados a tal ponto que elas não conseguem mais acalmá-lo, aquiéta-lo, negá-lo, pois ele foi SENTIDO. Quando esse sentimento é insuportável é que passa-se a tomar conhecimento de algo desconhecido em si mesmo, e a estranheza dele incita a procura de ajuda. No caso, pode-se procurar um pastor, amigo, psicólogo: alguém que ajude a aliviar esse sofrimento. O motivo pelo qual procura-se uma dessas pessoas por ajudar não importa muito, mas o que cada uma dessas pessoas poderá oferecer é que é diferente.
Todo mundo sabe que o amigo é aquela pessoa que chora junto da gente, e que vai buscar a gente em casa quando tudo vai mal. Ele te dá um conselho e talvez não concorde com você. O pastor é aquele que, segundo a palavra de Deus, irá orientá-lo no que fazer e interceder a Deus junto com você. Ele lhe mostrará o que a palavra de Deus traz como verdade para a sua vida. Já o psicólogo não vai orar com você e nem vai buscá-lo em casa para tomar um sorvete para lhe animar. Ele não vai lhe mostrar o caminho para andar. Ele não vai te dar um conselho.
O que o psicólogo pode fazer então? Ele pode tentar ajudá-lo a sofrer menos naquilo que você lhe comunica através das diversas formas, mesmo que não seja por palavras, mas sim por mecanismos de defesas. Ele pode tentar ajudá-lo a conhecer forças que você não sabia existir em você. Ele também pode tentar ajudá-lo a identificar suas mais íntimas e desconhecidas fraquezas. O psicólogo pode tentar ajudá-lo no que você precisar, mas ele não pode promover nada disso sozinho: o sujeito dessa ciência é você! A terapia vai servir para você até onde você se dispuser! Ela não fará mais do que o que você pode fazer por si próprio. A terapia é um processo de mobilização dos aspectos da sua vida para ajudá-lo a viver melhor naquilo que você acha que é melhor para você. Na terapia não há nada conceitualizado acerca do homem, mas as verdades que existem são as suas verdades, e quando você as destrói, elas já não o são mais. A terapia é você se escutando! Você passa a agir pelo que sente, pelo que minunciosamente experiencia e entende do que sente, ao invés de impensadamente dar o pontapé que lhe parecer intuitivamente mais adequado.
Tente não ser rígido o suficiente para refletir sobre este post! Isso já é um bom começo!