terça-feira, 12 de julho de 2011

Santo de Casa não opera milagre!

Olá Pessoal!
Estive um pouco ausente, pois estava viajando de férias, e ficava um pouco complicado parar para escrever.
Mas o assunto do post de hoje é como Eureka.... a gente vê as coisas em algum canto e o nosso cérebro fica trabalhando e trabalhando sem que a gente saiba ou queira. Um dia a gente se dá conta de uma experiência aqui, e outra aculá, e tem umas sacadas e aprendizados legais.
Portanto, queria compartilhar com vocês a minha “sacada”.
Ao viajar por aí eu sempre fico curiosa de entrar em farmácias, supermercados, lugares que o turista normalmente não dá importância. E como não poderia deixar de ser, ao passear por Paris, mais uma vez eu me deparei dentro de uma farmácia (por indicação da minha querida prima Angélica).
A Farmácia, além de ser um lugar sensacional para encontrar cosméticos maravilhosos, estava simplesmente com uma estante carregada, repito, LOTADA, de produtos de alisamento de cabelos que indicavam que o alisamento era BRASILEIRO! Hahaha! Eu tive que rir! Fiquei me perguntando se era piada eles colocarem na capa daquelas caixinhas de produtos de cabelos uma foto de uma mulher tipicamente brasileira, de biquini e com cabelos maravilhosamente lisos!
Ai me lembrei que aqui no Brasil, é muito raro dizermos que o nosso alisamento é brasileiro. Na verdade, nunca vi em canto nenhum. O tal alisamento parece que é originário da Turquia, migrou pra China, e se espalhou para o mundo pelo Japão. Hoje vemos uma diversidade que independe da nacionalidade para atrair: o Marroquinho, o Francês (dito Progressivo), o de Chocolate, de Morango, e por aí vai.
Eu não sou expert em alisamentos, e muito menos em cabelos. Uma pesquisa rápida no google nos ajuda a saber de onde os alisamentos vieram mesmo. E o assunto que eu quero abordar aqui é o aspecto psicológico da coisa: por que a gente procura outra nacionalidade para atrair o nosso consumidor? Ou melhor, por que a gente acha que produtos de outras nacionalidades são sempre melhor que os nossos? Por que a gente não dá valor às coisas da nossa terra?
Bom, agora vocês devem ter entendido o motivo do tópico desse Post. Sim, há muitos anos que a gente sabe que “Santo de casa não opera milagre”. Mas a gente não só não acredita no “Santo” como também o esculhamba.
Quero me referir aqui à um assunto que tem me incomodado bastante. Já não é de hoje que a gente escuta que faculdade particular é “pagou passou”. E assim, a gente vai dizendo que o curso é “pagou passou”. O Mestrado é “pagou passou”. O Mestrado daqui é mais ou menos, mas o da Mackenzie, é sensacional! Ouvi diversos comentários desses comparando o Mestrado e o Doutorado da Universidade de Fortaleza com o de outras instituições em outros estados e países, e tenho por obrigação que informar aos meus colegas que eles estão bastante enganados!
Quem de vocês já investigou a forma de seleção do Mestrado e do Doutorado? E quantos conhecem os currículos dos alunos que ingressam nessa Pós-Graudação? Se forem curiosos como eu, vão se surpreender com o que encontrarem! A Galera que entra tem um currículo recheado de artigos científicos e publicações em capítulos de livros como eu nunca vi igual! Publicação semelhante ou até superior aos de fora do país. Sem falar na cartela de Pós-Doutores que estão no quadro. A gente valoriza os de fora enquanto que a Sorbonne, a Harvard, a Yale e a MIT convidam os nossos professores da Unifor a serem professores convidados de suas instituições. A gente tem o melhor no “quintal” da nossa casa, mas insiste em querer sair e valorizar outros.  
Bom, colegas, só gostaria de acrescentar que vocês repensem quando forem emitir uma opinião que muitas vezes não se baseia em vocês, nem na experiência de vocês e nem no conhecimento de causa. Talvez sua opinião seja uma mera idéia fixa usada para justificar algo que você não tem coragem para revelar o real motivo. Rogers já dizia que toda percepção é uma realidade, mas é bom alerta-lhes que isso não signfica que toda percepção ou realidade seja verdade! Portanto, pese bem as palavras e as opiniões, pois a tecnologia está bem aí pra gente dismistificar as falsas nacionalidades dos alisamentos!

4 comentários:

  1. A arte de ler a Veja
    Marcelo Carneiro da Cunha
    De São Paulo

    "Com muita frequência, preferimos o conforto da opinião ao desconforto do pensar" - John F. Kennedy.

    Estimados leitores, um ótimo dia para todos, se a chuva permitir. Pois estava aqui eu colando no meu álbum algumas das doçuras com que sou brindado de tempos em tempos, tais como: apoiador do PIG, colunista petista, chauvinista, feminista, ateu sem-vergonha, representante da direita internacional, entre outras. Ah, e, a melhor de todas, porque quem me envia espera que seja mais ofensivo do que "torcedor do Inter", ou "apreciador de Los Hermanos", coisas que definitivamente não sou, sempre vem o inevitável, "leitor de Veja". Eu acho que entendo o que isso quer dizer para quem diz, já usei a expressão, meio que de brincadeira , antes de me dar conta de que não era nada engraçado.

    Eu sinceramente duvido que eu seja todas essas coisas de que sou chamado por leitores irados, ao mesmo tempo pelo menos. E noto que não é não tanto quando expresso idéias com as quais eles discordam que sou contemplado com essa pancadaria, mas quando assumo posições das quais eles não gostam. Me parece que nos tornamos muito emocionais na hora do debate, e penso que é assim que andamos lendo, estimados leitores, concordantes e discordantes. Não estamos lendo exatamente para obter ainda mais informação, pensar em novos pontos de vista, ou acrescentar ainda mais solidez para o que já adquirimos ao longo de nossos anos, à sombra de nossa inteligência superior, não. Lemos o que lemos para confirmar o que já pensávamos pra começo de conversa. Talvez por isso a Veja tenha se transformado na fonte de felicidade em que se transformou para os seus milhões de leitores. Por poder assegurar a eles um ideário acima de qualquer suspeita, confirmar temores e afirmar preconceitos, oferecer a segurança de um mundo estável, desenhado por um Reinaldo Azevedo e seu catolicismo, oferecendo o que o catolicismo sempre ofereceu ao longo dos séculos: segurança , imutabilidade, conforto. Isso, estimados leitores, vende.

    Para quem olha para a imprensa americana de hoje, é assustador ver como os mundos da Fox News, pela ultra-direita, e o Huffington Post, pelo bom senso, não têm nada, mas nada mesmo, em comum e ambos fazem enorme sucesso com seus visitantes e leitores. Como se pode partir para uma realidade na qual as pessoas, cercadas de oportunidades de ler por todos os lados, escolhem apenas aquelas nas quais se sentem confortáveis, ou incluídas? Pois me parece que leitores de Veja , assim como, por exemplo, leitores da Carta Capital lêem pelos mesmos motivos, mesmo que desde pontos opostos. Não para se aprofundar no debate sobre o complexo mundo contemporâneo a partir de posições informadas, mas, sim, para poder navegar por essa dura vida com a certeza de estarem certos.

    Estimados leitores, é impossível estarmos certos, o tempo inteiro, sobre todos os temas - e olhem que quem afirma isso é justamente esse que vos maltrata semanalmente, e que sempre está certo a respeito de praticamente tudo. Não abandonamos a nossa condição de ectoplasma apenas para deslizarmos sobre a Terra colecionando convicções. Fazemos isso para, por tentativa, erro, experiência, observação, trocas, leituras, chegarmos, ao final da longa estrada, até um ponto um teco, pelo menos, adiante daquele em que iniciamos a viagem. É assim, e somente assim, que a humanidade avança, inova, larga a barra da saia das tradições e inventa o novo, o mais pesado do que o ar, o existencialismo, e a aspirina, tendo experimentado e rejeitado várias alternativas menos eficazes de resolver dores de dente ou de viver, ao longo dos tempos. Quando se vive sem buscas, tudo que existe é uma enorme e absoluta certeza, e o que você constrói é um belo islamismo, de pai pra filho desde o século 12.

    ...segue

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  2. ...seguindo

    Umberto Eco diz que nos dividimos entre apocalípticos e integrados. Integrados são os muitos e muitos seres humanos que vivem o presente a partir do passado e nele se sentem mais felizes. Já os apocalípticos vivem melhor quando sentem vertigem, quando o mundo foge sob os pés e eles precisam criar um novo solo a cada dia. A verdade, qualquer que ela seja, só pode ser resultado de um apocalipse contínuo e não combina com conforto, ou com assinaturas de revistas que afirmem tudo que você sempre soube, desde a primeira comunhão. Ler o que foi escrito com o objetivo de acalmar os seus anseios e vender assinaturas serve para muitas coisas, mas não creio que resolva muito se o que você deseja é entender o mundo a partir da sua realidade multifacetada. Para isso, estimado leitor, você precisa engolir seus receios e ler de tudo, com a mesma voracidade - mesmo que com prazeres e desprazeres distintos.

    E, pensando bem, estimados leitores, o problema não é, nunca foi, nunca será, ler a Veja, e sim comê-la, digeri-la e sair por aí espalhando afirmações incomprovadas, como se faz com bíblias e similares. Nesses casos, melhor você desaprender que sabe ler e entrar logo para uma dessas seitas, a do Bispo, por exemplo, que não está nem aí para a sua alma, se contenta com seu dinheiro e não dá bola para as suas idéias. Nada mais entediante do que uma vida linear, estimados leitores, cheia de falta de dúvidas - um verdadeiro império onde governam, autocraticamente, todos os nossos preconceitos.

    Nesse espírito, cada vez que eu enfrento um dos autores dos textos que me irritam, desequilibram, ou ofendem, eu seguro o fôlego, feito piscina daquelas com trampolim alto, e vou em frente. O que quer dizer, estimados leitores, que sim, estão certos todos os que me acusaram dessa e outras verdades. Sim, eu leio Veja, assim como faço outras várias coisas, todas elas tendo em comum uma necessidade, de alguma natureza, de compreender um pouco melhor o que me cerca, muito em especialmente, o que foi criado para ser, acima de tudo, incompreensível.

    FONTE: http://terramagazine...-EI8423,00.html

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  3. Esse texto que encontrei por ai tem muito a ver com o teu, que ta muito bom por sinal.

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  4. É isso aí Li. É preciso discernimento e bom senso para emitir os juízos de valor. Não é nada prudente falar do que não se conhece, pois considero isso uma grande irresponsabilidade e falta de respeito!

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