O Estado do Ceará está passando por um grande DILEMA: o fechamento dos Hospitais e Instituições de Saúde Mental!
A TV Verdes Mares informou sobre o assunto no último dia 16 (http://tvverdesmares.com.br/bomdiaceara/problemas-com-atendimento-psiquiatrico-no-ceara/) alertando para o fechamento do Hospital Dr. Suliano que atendia 100 leitos pelo SUS. A medida propõe outra estratégia para atendimento dos pacientes: através dos Caps.
Porém, todos sabem que só há 14 Caps em toda Fortaleza, e quem conhece o serviço, sabe bem como é a realidade! Em alguns deles, os atendimentos psiquiátricos são feitos na mesma sala da administração. Precária não é um adjetivo intenso o suficiente para caracterizar os serviços de atendimentos de alguns Caps. E se o Caps não dava conta da demanda quando os hospitais psiquiátricos existiam, imaginem como vai ficar a baderna de tanta gente!
A proposta é de que o Caps tenha atendimento 24 horas para dar conta da situação. Mas na minha opinião, nós estamos longe dessa realidade: vai ser mesmo é um caos do tratamento do sujeito! Parece que querem voltar aos primórdios dos tratamentos de saúde mental e "jogar" todo mundo em um único lugar! Foucault, nos livros a História da Clínica e a História da Loucura, fala bem sobre o assunto!
Vejamos o que diz o Dr. Adelmo Pontes Aragão, médico psiquiatra que está mobilizado com o assunto e repassou um email para alertar a sociedade (fonte do email: http://macariobatista.blogspot.com/2011/03/aos-que-defendem-o-fechamento-dos.html)
Prezados senhores inimigos dos hospitais psiquiátricos,
Após o fechamento de cerca de 300 leitos psiquiátricos no Estado do Ceará nos últimos 10 anos conseguimos atingir a triste marca de 609 leitos à disposição de uma população de mais de 8,5 milhões de habitantes. Isto quer dizer que atingimos o recorde histórico de apenas 0,07 leitos para cada 1000 habitantes. O ideal recomendado pelo próprio Ministério da Saúde de Brasil seria de 0,45 leitos para cada 1000 habitantes. No Japão são mais de 2 leitos psiquiátricos para cada mil habitantes. Seria o avançadíssimo Japão (com a maior expectativa de vida do mundo) tão atrasado assim em termos de tratamento para doentes mentais graves?... ou será o Ceará o paraíso da sanidade mental no mundo? Será que ninguém precisa se internar para tratamento mental por aqui? Pois bem, "coincidentemente" nos últimos anos e particularmente nas últimas semanas (após o desumano fechamento da Clínica de Saúde Mental Dr. Suliano, com 103 leitos conveniados ao SUS) aumentou a procura e o tempo de espera para internação na emergência do Hospital de Saúde Mental de Messejana, principal porta de entrada para as internações psiquiátricas de toda a rede do SUS da região metropolitana de Fortaleza. Pacientes muitas vezes passam de 3 a 5 dias em companhia de seus familiares aguardando uma possibilidade de tratamento para crises graves. A maioria dorme no chão fora do hospital, visto que este não foi projetado para atender tanta gente sem vagas suficientes na rede pública. Peço encarecidamente aos senhores, particularmente aos profissionais não médicos ou de áreas afins que adoram criticar os hospitais psiquiátricos, que entrem em contato comigo para virem voluntariamente
aos meus plantões no Hospital de Saúde Mental de Messejana, em Fortaleza, com o intuito de ajudar às pessoas que ali se encontram a achar uma solução alternativa ao internamento inclusive adotando alguns pacientes e os levando para suas casas, se possível. Nada melhor que encarar um problema de frente do que falar irresponsavelmente daquilo que não sabem.
Adelmo Pontes Aragão Após o fechamento de cerca de 300 leitos psiquiátricos no Estado do Ceará nos últimos 10 anos conseguimos atingir a triste marca de 609 leitos à disposição de uma população de mais de 8,5 milhões de habitantes. Isto quer dizer que atingimos o recorde histórico de apenas 0,07 leitos para cada 1000 habitantes. O ideal recomendado pelo próprio Ministério da Saúde de Brasil seria de 0,45 leitos para cada 1000 habitantes. No Japão são mais de 2 leitos psiquiátricos para cada mil habitantes. Seria o avançadíssimo Japão (com a maior expectativa de vida do mundo) tão atrasado assim em termos de tratamento para doentes mentais graves?... ou será o Ceará o paraíso da sanidade mental no mundo? Será que ninguém precisa se internar para tratamento mental por aqui? Pois bem, "coincidentemente" nos últimos anos e particularmente nas últimas semanas (após o desumano fechamento da Clínica de Saúde Mental Dr. Suliano, com 103 leitos conveniados ao SUS) aumentou a procura e o tempo de espera para internação na emergência do Hospital de Saúde Mental de Messejana, principal porta de entrada para as internações psiquiátricas de toda a rede do SUS da região metropolitana de Fortaleza. Pacientes muitas vezes passam de 3 a 5 dias em companhia de seus familiares aguardando uma possibilidade de tratamento para crises graves. A maioria dorme no chão fora do hospital, visto que este não foi projetado para atender tanta gente sem vagas suficientes na rede pública. Peço encarecidamente aos senhores, particularmente aos profissionais não médicos ou de áreas afins que adoram criticar os hospitais psiquiátricos, que entrem em contato comigo para virem voluntariamente
aos meus plantões no Hospital de Saúde Mental de Messejana, em Fortaleza, com o intuito de ajudar às pessoas que ali se encontram a achar uma solução alternativa ao internamento inclusive adotando alguns pacientes e os levando para suas casas, se possível. Nada melhor que encarar um problema de frente do que falar irresponsavelmente daquilo que não sabem.
Médico Psiquiatra
Agradeço a colaboração de todos,
P.S.: Este e-mail foi digitado no Hospital São Vicente, onde estou de plantão hoje (no dia 03.03.2011 às 00:35 horas), após admitir um paciente para internação psiquiátrica que passou 04 dias no Hospital de Saúde Mental de Messejana aguardando vaga para tratamento em companhia de sua esposa e filhos.
Fechar os hospitais psiquiátricos dessa forma é um ato IRRESPONSÁVEL!!! Quem concorda comigo?
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